O acesso à internet passou a fazer parte dos hábitos diários de muitos milhões de pessoas que comunicam, trabalham, estudam, se divertem, fazem compras e desenvolvem muitas outras atividades online todos os dias. Muito mudou nos últimos 50 anos, desde que a primeira ligação foi feita na ARPANET em 1969, transmitindo a palavra login, e depois da World Wide Web trazer uma forma mais acessível de acesso a informação, com uma web de páginas. Outras transformações mudaram radicalmente a forma como navegamos na grande rede, desde os smartphones às redes sociais, passando pela ligação a dispositivos externos (a Internet das coisas, ou IoT) e a novos interfaces ainda mais presentes e prevalecentes.
A União Internacional das Telecomunicações (ITU na sigla em inglês), assinala hoje, 17 de maio, o Dia das Telecomunicações e da Sociedade da Informação, marcando a importância da transformação digital .E mesmo que muitos já considerem a internet como um produto de conveniência, que esperamos que esteja sempre presente, o acesso ainda não é um direito básico e universal, e há uma parte significativa da população mundial que continua afastada da rede, e dos seus benefícios.
Os dados mais recentes da DataReportal mostram que em Abril deste ano 4,72 mil milhões de pessoas em todo o mundo já usavam a Internet, o que corresponde a cerca de 60% da população mundial. O número continua a crescer, com mais 332 milhões a ficarem online no último ano, cerca de 900 mil novos utilizadores por dia.
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O Digital 2021 April Global Statshot Report mostra que os smartphones e outros equipamentos móveis são dominantes, sendo usados por 92,8% dos utilizadores, e o utilizador médio passa pelo menos 7 horas online por dia.
“Tudo somado, os utilizadores de internet vão gastar mais de 1,3 mil milhões de anos de tempo humano online em 2021”, indica o relatório.
Sem surpresas, grande parte da atividade online é feitas nas redes sociais, um fenómeno que explodiu há pouco mais de uma década. O número de utilizadores de redes era de 4,33 mil milhões em abril, mais de 55% de toda a população no mundo, e o crescimento está acima de 1,4 milhões de novos utilizadores por dia.
“Cerca de 9 em 10 utilizadores de internet usam redes sociais todos os meses, e seis plataformas reclamam ter mais de 1 mil milhões de utilizadores ativos mensalmente", revela o relatório. O Global Web Index indica que a utilização média é de 2 horas e 22 minutos por dia, o que representa cerca de 10 mil milhões de horas de utilização das redes sociais todos os dias.
Os números são impressionantes, mas devem ser também balanceados com um olhar para os que ficam de fora, no fosso digital que a pandemia da COVID-19 ajudou a alargar, como alerta o Banco Mundial. Cerca de 40% da população não tem acesso à internet para estudar, para trabalhar, para usar informação ou serviços bancários, e a larga maioria está em países em vias de desenvolvimento. As regiões da África central e o Sul da Ásia continuam a ser os que têm mais pessoas “offline”.
“Esta situação tem implicações significativas no desenvolvimento que não podem ser ignoradas. Temos de garantir que não deixamos para trás aqueles que estão menos preparados digitalmente, ainda mais num mundo pós pandemia”, defende Shamika Sirimanne, diretora de tecnologia da UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development), das Nações Unidas.
O objetivo de reduzir o fosso digital, ou digital divide como tem sido apelidado em inglês, faz parte das metas de desenvolvimento e há uma série de iniciativas desenvolvidas nesse sentido. Mas mesmo na Europa há ainda muitos utilizadores fora da rede, e em Portugal cerca de 20% são infoexcluídos.
Não é também possível falar dos benefícios da Internet se referir o “lado negro”, com as ameaças que espreitam os utilizadores online. Os ciberataques e o cibercrime, o phishing e roubo de dados, assim como as fake news, são preocupações constantes e mesmo o “pai” da World Wide Web admite que há algumas coisas que estão “estragadas” na Internet e que é preciso a mobilização de todos para as corrigir. Um papel que é dos governos, das autoridades e das empresas, mas também um pouco de cada um de nós.
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