No início de julho, o Twitter foi vítima de um ataque coordenado de engenharia social que deu origem a um avançado esquema de fraude com criptomoedas. Numa altura em que dois suspeitos já foram acusados do envolvimento no ataque, foi também a vez do alegado "mentor"ser indiciado. Trata-se de um jovem de 17 anos chamado Graham Clark, residente na Flórida, nos Estados Unidos.
O procurador de Hillsborough, na Flórida, Andrew Warren, apresentou 30 acusações contra Graham Clark, descrevendo-o como "mentor" do ataque. "Os crimes foram cometidos usando nomes de pessoas famosas e celebridades, mas estas não são as principais vítimas", disse Warren num comunicado à imprensa. "Esta fraude maciça foi orquestrada aqui mesmo no nosso "quintal" e não vamos aceitar isso", referiu.
Andrew Warren garantiu, no entanto, que Clark não enfrenta acusações federais e que o Estado está ainda a lidar com o processo, uma vez que a Flórida permite uma maior flexibilidade na hora de processar menores.
O jovem de 17 anos foi acusado de uma fraude organizada acima dos 50.000 dólares, de 17 fraudes de comunicações superiores a 300 dólares e de uso fraudulento de informação acima dos 100.000 dólares. Graham Clark conta ainda com 10 acusações de utilização fraudulenta de informações pessoais e de acesso a um computador ou equipamento eletrónico sem autorização.
Como é que isto tudo aconteceu? De acordo com um documento do tribunal, Clark convenceu um funcionário do Twitter de que era "um colega de trabalho no departamento de tecnologias de informação", estando em linha com o que já tinha sido divulgado pelo Twitter em julho.
Em declarações à NBC News, a mãe do jovem garante que o seu filho é inocente. "Acredito que ele não o fez", afirmou em entrevista.
Depois destas declarações, na sexta-feira, 31 de julho, o Departamento dos Estados Unidos garantiu em comunicado que acusou duas outras pessoas que estiveram envolvidas no ataque. Neste caso foram dois jovens, Mason Sheppard, com 19 anos, que vive no Reino Unido e que se faz passar por "Chaewon"; e Nima Fazela com 22 anos, de Orlando, Flórida, que recorre ao nome "Rolex".
No próprio dia dos novos desenvolvimentos, o Twitter reagiu e mostrou-se satisfeito com a atuação das autoridades. "Estamos focados em sermos transparentes e em disponibilizarmos novidades regularmente", garantiu a rede social.
O que se sabe sobre o ataque que abalou o Twitter?
Na noite de 15 de julho, e se é um utilizador ativo do Twitter, pode ter visto várias publicações fora do comum vindas de contas de figuras mediáticas, e até de algumas gigantes tecnológicas, desde Barack Obama à Apple, passando ainda por Bill Gates, Elon Musk, Jeff Bezos, Joe Biden ou até Kanye West.
Nas mensagens era pedido aos seguidores que fizessem transferências em Bitcoin para as carteiras de criptomoedas das personalidades ou empresas em questão, com a promessa de que iam receber o dobro da quantidade que enviassem. Os Tweets chegavam ainda de várias contas de bolsas de moedas digitais, como a Binance, a Gemini, a Coinbase ou a Coindesk.
A aparente generosidade escondia um avançado esquema de fraude com criptomoedas. Depois de ter detetado a situação, o Twitter bloqueou temporariamente a realização de publicações através de inúmeras contas verificadas, como forma de mitigar o problema.
Mais tarde, a empresa liderada por Jack Dorsey veio a público esclarecer que foi vítima de um ataque coordenado de engenharia social. Uma análise inicial permitiu chegar à conclusão de que os hackers conseguiram atacar alguns dos funcionários que tinham acesso aos sistemas informáticos e ferramentas internas.
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