A ideia esteve bem patente no Digital Media Forum, ontem organizado pela ACEPI com a INMA e o Governo português e onde participaram representantes dos principais grupos de media.

O processo de transformação para o “mundo digital” está a seguir o seu curso, com os grupos mais ou menos alinhados na adoção das plataformas e na transformação das redações, mas falta ainda garantir a rentabilidade que sustente o modelo de negócio.
José Manuel Gomes, director-geral comercial adjunto da Cofina admitiu que este não é um caminho fácil e que pelo meio os Media encontram também grupos internacionais como o Facebook e o Google. O maior controle da transparência fiscal pode ser uma solução, uma ideia que o Governo partilha e que foi referida pelo secretário de Estado Pedro Lomba na sessão de abertura da conferência.
Ontem o secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional adiantou que o Governo está a estudar implementar uma obrigação declarativa a empresas não residentes em Portugal respeitante aos valores transacionados na publicidade online.

"60% das receitas digitais são para players globais, não para os locais", admitiu João Paulo Luz, diretor comercial da Impresa, que aponta uma clara desvantagem competitiva nas questões fiscais e de transparência.

Já durante a tarde os representantes dos vários grupos de media voltaram a destacar a questão da sustentabilidade financeira, que compromete o futuro dos projetos.

“Se estivermos a contar com as receitas publicitárias do digital, morremos todos à fome”, apontou Luís Cabral, administrador da Media Capital Rádios, uma ideia secundada pelos outros oradores, que destacaram também a importância de valorizar os conteúdos e a credibilidade das marcas.

A difícil relação com as plataformas do Google e do Facebook foi bem patente ao longo do dia, com Cristina Vicente Soares, administradora do jornal “Público” a referir que, em Portugal, os agregadores e motores de busca recebem 81% do total destas receitas publicitárias, sobrando apenas 19% para os produtores de conteúdos, mas que eles dependem de quem faz os conteúdos. E por isso lançou uma ideia, em modo de exercício académico: E se um dia os grupos de media portugueses se juntassem e organizassem um apagão de conteúdos?

Durante a tarde a Google já tinha apresentado a sua versão, com o
responsável de parcerias da área de notícias da Google, Madhav Chinnappa, a apresentar o programa Digital News Initiative que vai arrancar em Setembro.
A empresa garante que quer ter um diálogo aberto e considera que as empresas de media podem aprender com as empresas de tecnologia. A criação de um fundo para promover a formação em jornalismo digital é uma das medidas da iniciativa.
Para os mais cínicos, Madhav Chinnappa deixou ainda a ideia de que a Google valoriza os conteúdos."As notícias são importantes para nós. E partilhamos muitos dos valores das empresas de media. Todos temos um papel a desempenhar".