(Corrigida) Vinte e nove por cento dos portugueses não sabem se é fácil ou difícil contactar o Governo por email ou pela Internet, revela o relatório anual da Accenture sobre Governo Electrónico. O número apurado pela consultora é o mais elevado entre os 21 países entrevistados, mostrando que a percentagem de cidadãos que utiliza os serviços digitais já disponibilizados e a própria Internet é tímido.



O segundo país a revelar maior desconhecimento sobre os serviços públicos digitais foi a Malásia e registou apenas metade das respostas apuradas em Portugal.



Entre os utilizadores que revelaram dificuldades em usar os meios electrónicos para chegar aos serviços públicos, 35 por cento admitem que isso se deve ao facto de não saberem usar a Internet nem o email. O número justifica a desconfiança relativamente aos meios online. Pouco mais de metade dos inquiridos (53 por cento) dizem ter confiança na Internet e um número ainda menor (48 por cento) mostra confiança no email.



Entre as questões colocadas aos inquiridos, a Accenture quis também saber quem estava a fazer um melhor trabalho na digitalização de serviços: o Estado ou o sector privado. Apenas em Singapura os inquiridos consideraram que os serviços públicos online são melhor sucedidos que os serviços privados.



O maior distanciamento na percepção dos serviços mais interessantes coube aos Estados Unidos (27 por cento) que reconhecem no sector privado serviços online melhores que os disponibilizados no sector público, numa relação de 65 para 38 por cento. Em Portugal o distanciamento é apenas de 9 por cento com vantagem para o sector privado.



Os portugueses inquiridos no estudo confirmam aliás "a importância do combate à exclusão digital no nosso país" e revelam "uma visão bastante construtiva relativamente aos serviços prestados pela nossa Administração Pública", sublinha João Tavares vice-presidente da Accenture Portugal.



Entre 2003 e 2004 Portugal manteve-se na vigésima posição do ranking da Accenture, uma tabela que resumia a posição de cada um dos 22 países analisados em termos de maturidade dos seus serviços de Governo Electrónico. A má performance portuguesa, que se repetiu por dois anos consecutivos, era atribuída a anos de políticas marcadas pela "fragmentação da informação espalhada por centenas de sites, conduzindo a gaps na informação e serviços relevantes", dizia o relatório.



No ano passado apenas dois serviços públicos evoluíram de unidireccionais ou interactivos para transaccionais e não houve qualquer novo serviço a entrar directamente nesta categoria. Numa perspectiva evolutiva (desde 2002) a consultora caracterizava como "muito modestos" os progressos gerais em termos de maturidade e fazia notar que Portugal se posicionava abaixo da média em todas as categorias analisadas.



Na análise deste ano não é apresentado o ranking de maturidade dos serviços que caracterizou as ultimas edições do relatório mas existe um líder de liderança para o serviço ao cidadão onde Portugal se volta a posicionar quase no fundo da tabela com uma pontuação de 34 por cento, contra uma média de 48 por cento e uma pontuação máxima de 68 por cento. O grupo a que pertence Portugal é o último dos quatros definidos e conta também com as presenças do Brasil e África do Sul.



Em termos globais o estudo da Accenture conclui que os "organismos da Administração Pública mais avançados no serviço aos cidadãos estão a desenvolver capacidades interactivas e transaccionais sofisticadas, a par com o que de melhor se faz no sector privado", sublinha um comunicado.



Nota de redacção [08-06-2006 10:21]: A notícia foi corrigida na percentagem de utilizadores que mostra confiança na Internet e email.



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