Não são muitos os projetos periféricos que têm conseguido manter a liderança local numa Internet cada vez mais global, onde as grandes empresas estendem o seu domínio de forma avassaladora. Mas apesar da entrada da Google e da Microsoft em “terreno” português, o SAPO continua líder em audiência e com uma fatia importante do mercado online da publicidade de display, 16 anos depois de ter sido lançado como um diretório de apontadores portugueses.

Os números da Marktest apontam para uma liderança destacada: mais de 37,5 milhões de visitas e mais de 174 mil páginas vistas na homepage e serviços só em Julho. Os dados são do Netscope, a ferramenta de medição de tráfego da empresa de análise de mercado na qual participam outros grandes players da Internet portuguesa.

A liderança aumenta de peso quando são contabilizados todos os sites integrados no SAPO (onde se inclui o TeK). Aqui contabilizam-se mais de 63,4 milhões de visitas e 417 milhões de páginas vistas, muito à frente de outros grupos de media, como a Cofina, a RTP e a Motorpress. Mesmo assim, em termos de domínios mais acedidos fica atrás do Google.pt, do Facebook e do Google.com.

Já os números do investimento de publicidade online não são conhecidos. O SAPO não os divulga e não há dados fiáveis sobre o mercado que possam ser citados. Mas a liderança na publicidade online de display (apresentação de anúncios) é incontestada, assim como a crescente fatia que assume nas aplicações móveis.

Tiago Silva Lopes, diretor do SAPO, não tem dúvidas de apontar como factores de sucesso nos últimos 16 anos a capacidade que o projeto teve de se adaptar às necessidades e à evolução da utilização da Internet em Portugal. De diretório o projeto evoluiu para motor de busca e mais tarde para Portal, agregando conteúdos e serviços, que já ultrapassaram a plataforma web e estão nos telemóveis, tablets e na televisão.

A estrutura também mudou muito. De um projeto universitário que nasceu em 1995 na Universidade de Aveiro o SAPO, o SAPO tornou-se empresa, com a criação da Navegante, que em 1998 passou para o domínio da Saber & Lazer e em 1999 foi comprado pela Portugal Telecom. Hoje a equipa conta com mais de 300 pessoas e dezenas de parceiros que diariamente fazem o portal e as aplicações ligadas à marca.

[caption]sapo em 1998[/caption]

“É um desafio constante”, assume Tiago Silva Lopes, que nota como principais mudanças nos últimos anos a internacionalização do projeto para Cabo Verde, Angola, Moçambique e Timor - onde se mantêm as mesmas linhas de orientação viradas à adaptação dos conteúdos e ao estabelecimento de parcerias locais – e a aposta em conteúdos e serviços multiplataforma, como o domínio dos telemóveis e tablets mas também da Televisão, onde o SAPO está presente através do IPTV do MEO e nas SmartTV da Samsung e da LG.
[caption]sapo aplicações[/caption]

Face à capacidade de reinvenção permanente da Internet, Tiago Silva Lopes não arriscar nenhuma projeção para os próximos 16 anos. “Um ano na Internet é equivalente a quatro anos num negócio offline”, explica. As tendências são ditadas a nível global mas o SAPO promete estar atento e apostar nos conteúdos e projetos portugueses de qualidade, adaptando a sua oferta aos interesses e necessidades dos utilizadores.

“Há três linhas principais que vão continuar a orientar o SAPO: queremos ser uma empresa ágil e antecipar as reações do mercado com ferramentas, conteúdos e serviços que os consumidores precisam e como querem; vamos continuar a apostar forte na proximidade e identidade nos nossos projetos, adaptando-nos às especificidades e contextualizando a realidade com informação local; não queremos deixar de continuar a investir em inovação e investigação e desenvolvimento, assim como na procura de projetos que possam ser líderes a nível mundial”, explica Tiago Silva Lopes, lembrando que o SAPO tem desenvolvido alguns projetos que são inovadores a nível mundial, como por exemplo a Banca de Jornais.

As perspectivas são optimistas, mesmo com o atual cenário económico, sobretudo em termos de crescimento da publicidade e do comércio electrónico. Embora já lidere o mercado publicitário online de display, o diretor do SAPO acredita que há muito potencial para crescer, principalmente porque o nível de investimento ainda está longe de atingir as taxas conseguidas noutros países, face à elevada utilização da Internet.

Fátima Caçador

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico