Envolto de grande secretismo, o governo do Reino Unido poderá lançar uma tecnologia de vigilância capaz de registar as atividades online de milhões de pessoas. Durante o último ano, a polícia do país tem vindo a testar o sistema que recolhe os registos de ligações à internet. Dos testes, o sistema deverá começar a ser introduzido no sistema a nível nacional, avança a Wired. Depois de implementada, será uma ferramenta poderosa de vigilância para as forças da autoridade, embora seja apontada como polémica, por ser altamente intrusiva.
É referido que as suas operações e a respetiva tecnologia estão rodeadas de secretismo e as autoridades estão pouco disponíveis para responder às questões levantadas. O sistema faz parte de uma reforma que o Reino Unido fez em 2016, o Investigatory Powers Act, que obriga as empresas a remover as proteções eletrónicas, sempre que possível. A nova lei estabelece as regras para aquilo que as forças policiais podem ou não aceder, numa medida que tem sido criticada pelo impacto na privacidade das pessoas.
A Wired salienta a criação da chamada Internet Connection Records (ICR), em que as operadoras de internet e as empresas telefónicas podem ser requeridas, através de aprovação de um juiz, a navegação dos utilizadores nos últimos 12 meses. Não se trata de uma lista de cada página online visitada, mas ainda assim oferece informações significativas das atividades online. Por exemplo, pode referir que o utilizador visitou determinado endereço, mas não a leitura individual das páginas. Estes registos podem ainda ser um endereço IP, um número de cliente, a data ou hora de acesso a informação e quantidade de dados transferidos. A publicação dá o exemplo de um ICR que pode o acesso à app da EasyJet, no telefone de alguém, mas não como esta foi utilizada.
Os críticos apontam que os ICRs são altamente intrusivos e deveriam ser protegidos do abuso de retenção dos operadores de telecomunicações e agências de inteligência. Por outro lado, a Agência Nacional de Crime do Reino Unido diz que testou o aspeto funcional e técnico do instrumento, tendo descoberto benefícios significativos ao recolher os registos. O teste focou-se em websites que ofereciam imagens ilegais de crianças, tendo descoberto que 120 pessoas foram apanhadas a aceder a esses endereços. E descobriu que quatro desses indivíduos já eram conhecidos das autoridades.
Os prestadores de internet contactados pela Wired na sua investigação, sobre a capacidade de criar e armazenar os registos das ligações online feitas pelas pessoas, apenas uma, a TalkTalk, respondeu que iria cumprir com as obrigações de lei, mas sem confirmar ou negar se as ICRs estão a ser feitas.
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