O relatório da quinta edição do Microsoft Threat Analysis Center (MTAC) focado nas eleições norte-americanas, indica que foi detectado o aumento de tentativas de influência sobre o ato eleitoral à medida que a data das eleições se aproxima. Em causa estão atividades cibernéticas maliciosas apoiadas pela Rússia, Irão e China para pôr em causa o processo democrático nos EUA.
Já na edição de agosto, o mesmo estudo tinha identificado que o Irão tinha intenções de interferir nas eleições dos Estados Unidos e, em setembro, adicionou a Rússia à lista. Agora as ameaças proveem também da China. A ciber-influência iraniana foca-se na campanha de Donald Trump, enquanto os atores russos se dedicam a preparar operações de ciber-influência com foco na campanha de Kamala Harris, desde que entrou na corrida. Já os atores chineses concentram-se em vários candidatos e membros do Congresso, explica a Microsoft. Os russos tentaram, inclusive, atingir a campanha de Harris-Walz com ataques pessoais aos candidatos.
Veja na galeria exemplos das interferências do Irão, da Rússia e da China:
Em concreto, os agentes russos criaram vídeos deepfake, melhorados com IA, sobre a vice-presidente Kamala Harris. Num dos vídeos, a candidata presidencial é retratada a fazer comentários depreciativos sobre Donald Trump. O grupo Storm-1516, alinhado como Kremlin, criou um vídeo no qual Kamala Harris é acusada de caça ilegal na Zâmbia e outro vídeo espalha desinformação sobre o candidato democrata à vice-presidência, Tim Walz. Este vídeo obteve mais de cinco milhões de visualizações na X nas primeiras 24 horas.
A gigante tecnológica assinala que, embora a maioria desses vídeos tenha tido pouca divulgação, são sinais do fluxo contínuo de conteúdos tradicionais e gerados por IA para “influenciar o público dos EUA e alimentar a discórdia política”.
Apesar dos conflitos no Médio-oriente, os agentes do Irão parecem ter tempo para se dedicar a influenciar o público norte-americano. O centro da Microsoft observou atividade iraniana apelando aos americanos para boicotarem as eleições devido ao apoio dos candidatos a Israel. Os anteriores esforços do grupo “Bushnell’s Men” para incitar a protestos anti-israelitas em universidades ilustram também a utilização de questões sociais polémicas para semear conflitos entre comunidades nos EUA. Outros grupos procuram ativamente sites e meios de comunicação social relacionados com as eleições, sugerindo “preparativos para operações de influência mais direta à medida que o dia das eleições se aproxima”.
As operações de influência chinesas têm-se concentrado em candidatos republicanos e membros do Congresso que defendem políticas anti-chinesas. Os agentes chineses “repetiram mensagens antissemitas, amplificaram as acusações de corrupção e promoveram candidatos da oposição”.
A Microsoft antecipa que a Rússia, Irão e China vão prosseguir os seus esforços, incluindo a utilização de IA, e que poderão empregar táticas que lancem dúvidas sobre a integridades dos resultados eleitorais. A capacidade de os atores maliciosos distribuírem rapidamente conteúdos enganadores, “pode ter um impacto significativo na perceção do público e nos resultados eleitorais”, especialmente nas 48 que antecedem o dia das eleições e logo após.
A Microsoft aconselha a “eleitores, instituições governamentais, candidatos e partidos” a manter-se vigilantes “em relação a atividades suspeitas online”, pois a "deteção precoce e a verificação dos factos são essenciais para contrariar esses efeitos e assegurar a integridade das eleições”.
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