De acordo com o "Relatório do Comércio de Arte Online 2021", a tecnologia voltou a oferecer novas ferramentas de expressão aos artistas, com o surgimento dos ativos únicos não fungíveis digitais (NFTs), um mercado que só nos primeiros meses de 2021 atingiu vendas de 3.025 milhões de euros.
O estudo do Grupo Hiscox revela que 36% das plataformas de venda online de arte consideraram que as novas possibilidades surgiram do contributo da tecnologia de Blockchain. No entanto, também os "ladrões de arte" chegaram ao mundo digital com ataques cibernéticos a plataformas de alojamento de NFTs.
Em março de 2021, a obra “Everydays: The First 5.000 Days” de Mike Winkelmann, também conhecido por Beeple, foi vendida num leilão online por 69,4 milhões de dólares (o equivalente a 58,4 milhões de euros), um valor recorde para obras não físicas.
Na altura, a leiloeira Christie's indicou que este foi o primeiro grande leilão de uma obra digital certificada com NFT, e também a primeira vez em que foram usadas criptomoedas para pagar uma obra adquirida, tornando-o “um dos três mais valiosos artistas vivos".
Ainda no mercado de arte digital, a capacidade de atrair investidores tornou-os um alvo atraente para criminosos, razão pela qual também ocorreram os primeiros roubos, e o surgimento de novas formas de crime, indica o relatório referente ao ano passado.
Foi também em março desse ano que ocorreu o primeiro roubo de NFTs na plataforma Nifty Gateway, que ascendeu a 150 mil euros, segundo um dos utilizadores afetados, aponta o estudo.
Desde então, o volume e o impacto dos ataques aumentaram para um roubo de mais de 100 milhões de euros destes ativos da Vulcan Forged, um mercado NFT de videojogos. Aconteceu depois de um utilizador ter lançado um ataque cibernético que comprometeu os sistemas de segurança da plataforma para saquear as carteiras dos utilizadores, perdendo os códigos de acesso sem conseguir recuperar os fundos que tinham armazenado.
"Embora seja uma novidade devido ao conteúdo do roubo, estes ataques seguiram as técnicas clássicas de ciberataque, como engenharia social", aponta o relatório da seguradora.
Foi o caso do roubo denunciado pelo colecionador de NFTs Jeff Nicholas, que perdeu todo o seu portfólio, avaliado em 400 mil euros, após os criminosos cibernéticos se terem feito passar pelo suporte técnico da empresa para o ajudar a resolver um problema de direitos, convencendo-o a partilhar o seu ecrã.
O relatório alerta que "o explodir do mercado de arte digital à boleia das características únicas dos NFTs, que lhes permite identificar o verdadeiro proprietário de uma obra digital, trouxe vários colecionadores movidos pelo potencial de valorização destes tokens”.
“No entanto, o desconhecimento de como este mercado funciona, ligado a alguma ingenuidade, tem-se revelado um terreno fértil para ciberdelinquentes que utilizam as mesmas técnicas usadas em ataques informáticos a empresas, com um grau de sucesso muito mais elevado", adverte o estudo.
A tecnologia, com a ajuda de Inteligência Artificial, também possibilitou a recuperação ou a reconstrução de obras de arte, algumas emblemáticas, como a série "Medicina, Jurisprudência e Filosofia", do austríaco Gustav Klimt, ou "A Ronda da Noite" de Rembrandt.
Já no Japão, vários investigadores conseguiram reproduzir um fresco budista destruído em 2001, no Afeganistão, pelos talibãs, através de um tratamento digital de uma centena de fotografias do fresco original, tiradas por arqueólogos antes da destruição.
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