O candidato republicano às próximas eleições presidenciais do Estados Unidos e ex-presidente, Donald Trump, reconheceu numa entrevista à CNBC os riscos para a segurança dos Estados Unidos que é manter o TikTok nos moldes atuais, mas reconheceu que o fim da rede social também não terá só impactos positivos. “Há muitos jovens no TikTok que enlouqueciam sem isso”, reconhece Trump, acrescentando que as maiores beneficiárias do fim da rede social detida pela chinesa ByteDance serão as plataformas da Meta, como o Facebook.

“Se banirmos o TikTok, o Facebook e outros, mas principalmente o Facebook, vão ser os grandes beneficiários e parece-me que o Facebook tem sido muito desonesto”, disse Trump, reforçando ainda que não quer “duplicar o tamanho do Facebook”.

Recorde-se que o Facebook baniu Trump na altura do assalto ao Capitólio e manteve-o “fora do ar” até ao início do ano passado. Isso o ex-presidente não referiu na entrevista, diz apenas que a plataforma também tem dado provas de não ser uma rede social responsável.
Tendo isto em conta, e no estilo de discurso habitual de Trump, o ex-presidente conclui que “há muitas coisas boas e muitas coisas más no TikTok”.

O tema está na ordem do dia nos Estados Unidos porque esta quarta-feira será votado um projeto de Lei para obrigar a ByteDance a desinvestir no TikTok. Não é a primeira vez que os EUA tentam este movimento. Na primeira vez que o fizeram era Trump presidente e correu mal. A justiça acabou por impedir a decisão política e o negócio, que quase fazia da Microsoft a nova dona da rede social, ficou pelo caminho.

A nova proposta foi desenhada e aprovada por republicanos e democratas, mas tem algum caminho para percorrer. O próximo passo é a votação na câmara dos representantes, onde precisa de uma maioria de dois terços a concordarem com a medida, para seguir caminho. Se avançar, a medida dá 180 dias à Byte Dance para desinvestir no TikTok. No fim desse prazo, se não o tiver feito, as lojas de aplicações passam a estar proibidas de distribuir apps da empresa ou dar acesso a ligações que permitam fazê-lo.

O TikTok é usado por 170 milhões de americanos. A empresa voltou já a reiterar que não é controlada pelo Governo chinês e a alertar os legisladores para o facto de uma venda poder passar a rede social para as mãos que façam menos pela privacidade dos americanos, lembrando que já investiu 1,5 mil milhões de dólares para esse fim.

A ByteDance alega ainda que a medida que os EUA querem impor afeta o direito constitucional à liberdade de expressão dos americanos “prejudicará milhões de empresas, negará aos artistas uma audiência e destruirá os meios de subsistência de inúmeros criadores de conteúdos em todo o país".

Na comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes, o projeto de lei que volta esta semana a votação teve a sua primeira prova de fogo. Foi aprovado por 50 votos a favor e nenhum contra.