Um dia depois da Bitcoin ter atingido um novo valor histórico e valorizar até aos 62 mil dólares (51,8 mil euros), faz-se a estreia em bolsa da primeira plataforma de transação e armazenamento de criptomoedas. A chegada da Coinbase ao índice Nasdaq traduz o momento de entusiasmo em torno das moedas digitais, que a corretora tem aproveitado na primeira pessoa, senão veja-se.
Em 2017, a plataforma foi avaliada em 1,6 mil milhões de dólares. O preço de referência atribuível a cada uma das suas ações no dia de admissão à cotação (250 dólares), segundo dados da comissão de mercados dos EUA citados pelo Tech Crunch, pressupõem uma valorização máxima da empresa de 65 mil milhões de dólares. E ainda falta perceber como vai correr este primeiro dia, em que há uma forte expectativa de que o valor das ações dispare.
A Coinbase não entra em bolsa através de uma Oferta Pública Inicial, que é o modelo mais comum. A empresa vai fazer uma entrada direta à negociação e, como tal, o preço de referência das ações é meramente indicativo. Serve sobretudo para conseguir interpretar a performance dos títulos.
No modelo escolhido pela Coinbase, que é mais raro mas não é inédito, empresas como o Spotify ou o Slack também o usaram, não há um roadshow prévio para angariar investidores, nem são impostas restrições aos acionistas que a empresa já tem, se for o caso. Quando o capital da Coinbase começar a ser transacionado no Nasdaq, todos os acionistas atuais da empresa podem negociá-lo à melhor oferta.
A plataforma da Coinbase suporta transações de moedas virtuais. As suas receitas vêm das comissões dessas transações e têm crescido na mesma proporção do entusiasmo com a moeda virtual. Entre o último trimestre de 2020 e o primeiro deste ano, altura em que a Bitcoin bateu recordes de valorização sucessivos, o volume de negócios da Coinbase terá aumentado de 585,1 milhões de dólares para 1,8 mil milhões.
Segundo uma projeção preliminar de resultados apresentada pela empresa, entre janeiro e março de 2021, os lucros da Coinbase, por sua vez, dispararam para os 730 milhões de dólares, e comparam com os 179 milhões de dólares do trimestre anterior. O número de utilizadores que realizam transações pelo menos uma vez por mês na plataforma também cresceu, e está agora nos 6,1 milhões, num universo de clientes que é bem maior e que, segundo dados revelados antes pela empresa, ultrapassa os 56 milhões.
À disposição dos investidores vão estar 114,9 milhões de ações da Coinbase com um valor intrínseco que continua a ser muito discutível, mesmo com os resultados financeiros da empresa a subirem. O valor real da plataforma da Coinbase está fortemente dependente das flutuações de valor e interesse pelas moedas virtuais, algo que a história mostra ser um pouco inconstante.
Ainda assim, a verdade é que, sobretudo depois do início da pandemia, as moedas virtuais têm consolidado posição como investimento seguro e a diversificação do tipo de investidores interessados no ativo é sinal disso mesmo.
Essa procura crescente e alargada a vários espetros do mercado, por moedas digitais, é aliás o que explica a valorização de cerca de 800% do valor da Bitcoin no ano passado e de 1300% da Ethereum, também em 2020. Segundo projeções da IntotheBlock, desde que a Coinbase anunciou que ia entrar em bolsa, em fevereiro, o mercado das criptomoedas já valorizou mais 40%, para os 2 biliões de dólares (1,6 biliões de euros).
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