O painel “How companies can build a sucessfull future” no Web Summit reuniu alguns líderes de empresas multinacionais, nomeadamente a BP e a Altice Portugal (MEO) com a participação da CEO Ana Figueiredo. O tema explorou as formas como as empresas estão a transformar-se para abraçar os novos desafios de sustentabilidade, mas ao mesmo tempo a capacidade de adaptação para manter a inovação e abraçar um mercado sempre em transformação, para se manterem um passo à frente.

Respondendo à questão da capacidade de evolução, Ana Figueiredo aponta a antiguidade da sua empresa, desde as primeiras chamadas telefónicas até às diferentes áreas de negócio que tem atualmente. A mudança e disrupção tornaram-se como o nome do meio da empresa, destacando que é precisar saber os fundamentos das suas operações e como o mercado muda para poder servir os clientes. Destaca a agilidade da equipa, sempre à procura de se elevar, algo que diz ser muito importante. Mas sobretudo, estar disponível para experimentar e fazer testes. Defende que algo grande começa sempre pequeno, comparando aos bebés que depois crescem. Experimentar e envolver os colaboradores, incentivando-os a tomar riscos, experimentar e crescer.

O pensamento é semelhante na BP, com a representação da sua vice-presidente para a sustentabilidade, Giulia Chierchia, que afirma que apesar da empresa estar conectada primariamente à indústria dos combustíveis, a tecnologia está no núcleo de tudo o que faz. Diz que é preciso aplicar novas tecnologias para descobrir novos recursos, reduzir as emissões de carbono e usar gémeos digitais para experimentar. Mesmo para se descobrir novos lubrificantes e fluídos mais sustentáveis é preciso investir na tecnologia. Considera dessa forma que a sua BP é uma empresa de engenharia, pois só assim se consegue evoluir.

Giulia Chierchia afirma que a transição energética é um processo muito complexo. E diz que nos mais de 100 anos de vida da empresa tem havido investimento em tecnologia e tem atualmente uma corporate venture capital e outros investimentos em empresas venture para procurar e ajudar empresas com o objetivo de obter valor e a escalarem. Destaca os investimentos em tecnologias de hidrogénio e na Índia nos sistemas de veículos elétricos.

Para Ana Figueiredo é importante conhecer os fundamentos do seu negócio e definir uma visão para o negócio e partilhar com a sua equipa de liderança para que os colaboradores a possam executar. E para isso a comunicação é muito importante, ter os canais certos e o timing correto para que a visão se transforme em ação e entre em execução. Mas também dar os poderes às pessoas, porque o mundo mudar muito rapidamente e não podem ter apenas as decisões de topo, mas também das lideranças e empregados que dão a cara aos clientes, necessitando de tomarem riscos para fazerem melhor.

Seonghoon Woo, cofundador e CEO da Amogy, destaca que a sua empresa é jovem e nos últimos quatro anos registou diversos milestones, mas afirma que falhou muitas mais vezes do que aquelas que conseguiu acertar para alcançar o sucesso.

A BP abraçou a inteligência artificial, referindo como esta tem ajudado a empresa nos seus processos. Provavelmente muita gente não sabe quando voa num avião, que o elemento mais seguro é o combustível que alimenta o meio de transporte. É preciso testar a qualidade e aceder a dados da sua composição que a IA generativa tem ajudado no processo. Também são aplicadas diversas formas de IA para aumentar a qualidade de energia verde, mas também na descarbonização dos centros de dados.

Para a CEO da MEO, neste mundo cada vez mais complexo, ainda se está a tentar perceber onde a IA pode ter impacto. Mas considera que vai ter o mesmo impacto que as máquinas conseguiram ir além das capacidades físicas dos humanos e da capacidade dos computadores executarem mais cálculos. A IA vai capacitar os humanos, embora seja necessário experimentar e fazer abordagens combinadas, aponta Ana Figueiredo. Aponta ainda que incentiva a equipa a testar as ferramentas de IA da mesma forma que se prepararam para trabalhar com os computadores, mas o desafio é as empresas manterem o ritmo da evolução da tecnologia.

Para mitigar os riscos, a Amogy diz que a colaboração com parceiros é essencial, porque enfrentar os ricos do mercado que surgem de forma isolada é muito arriscado. Na BP, tudo surge com uma visão que inspire toda a organização, mantendo a sua missão de fornecer energia ao mundo, mas necessita de ter agilidade para acompanhar as mudanças no ambiente em redor. Aponta ainda que se deve experimentar e errar rápido, para se aprender, afinar e seguir em frente.

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