A Comissão Europeia deu luz verde à compra da VMWare pela Broadcom, mas na investigação aprofundada que foi feita ao impacto do negócio confirmou que há riscos de a operação trazer impactos negativos para a concorrência. Assim, o ok à integração da VMWare na Broadcom está sujeito ao cumprimento de um conjunto de condições por parte da empresa, que já aceitou pôr em prática estes remédios.
Recorde-se que a Broadcom é um fabricante de hardware, como Cartões de Interface de Rede (NICs), Adaptadores de Rede (FC HBAs), adaptadores de armazenamento e chips. A compra da VMWare, como outras que a empresa já realizou antes, põe no terreno uma estratégia que assenta na expansão da operação ao universo do software e a soluções complementares aos seus produtos. A empresa já tinha comprado, por exemplo, a CA Technologies ou a Symantec. Esta complementaridade é vista como o principal risco de uma operação que pode conduzir à melhoria da oferta da Broadcom, deixando o resto do mercado com menos opções de escolha.
A VMWare, um spin-off da Dell, comercializa soluções de virtualização suportadas por um leque abrangente de hardware, nomeadamente nas áreas de produto da Broadcom. Os receios das autoridades da concorrência referem-se sobretudo aos níveis de interoperabilidade que as soluções de virtualização da VMWare vão continuar a ter com o hardware de outros fabricantes. Também preocupam, possíveis dificuldades de acesso às soluções da empresa.
Neste contexto, a Broadcom concordou em assegurar um conjunto de condições à Marvell, principal concorrente no segmento de FC HBAs, e a possíveis outros concorrentes que venham a entrar neste mercado, assim como a clientes.
Dar acesso a APIs, materiais, ferramentas e suporte técnico necessários para o desenvolvimento e certificação de FC HBAs por terceiros e garantir que esta informação fica disponível ao mesmo tempo para si e para terceiros. Assegurar a interoperabilidade com o software de virtualização da VMWare para servidores.
A empresa compromete-se também a dar acesso ao código-fonte dos atuais e futuros drivers para os seus adaptadores de rede, através de uma licença open source irrevogável, que vai manter em aberto a interoperabilidade com o software da VMWare.
Em termos de operação, a Broadcom comprometeu-se a manter operações separadas entre as equipas que desenvolvem os seus adaptadores e a equipa que dá suporte e certifica os FC HBAs de terceiros, além de se comprometer com a confidencialidade da informação partilhada por outras empresas para estes fins.
A CE sublinha que, antes de serem definidos e aprovados, estes remédios foram validados pelos concorrentes e clientes da Broadcom, que os consideraram adequados e eficazes. Os compromissos assumidos pela Broadcom devem ser cumpridos durante 10 anos e serão monitorizados periodicamente. A intenção de compra da VMWare foi anunciada pela Broadcom há mais de um ano.
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