O Facebook está, alegadamente, sobre investigação pela União Europeia em relação aos seus planos de lançar a criptomoeda Libra. Em causa estão questões de antitrust, se a empresa de Mark Zuckerberg está, ou não, a violar as leis da competição no solo comunitário europeu. Segundo a Bloomberg, que teve acesso a um documento da Comissão Europeia, foi aberto um inquérito de investigação de potenciais comportamentos anticompetitivos relativos à Libra.
A Comissão Europeia tem dúvidas se o sistema proposto de pagamento pode anular de forma injusta os seus rivais. Os investigadores alegam que a Libra pode criar possíveis restrições de competição na informação que será trocada e os dados dos consumidores, segundo o documento.
A Libra foi anunciada em junho e já conta com o apoio de diversos parceiros importantes, tais como a MasterCard, Visa, PayPal, eBay, Uber, Lyft e Spotify, e outras, incluindo a portuguesa Farfetch, num total de 29 organizações envolvidas que funcionarão como uma espécie de "membros fundadores" da criptomoeda. A rede social conta somar cerca de 100 parceiros até ao lançamento da tecnologia.
A investigação procura ainda compreender se a abordagem ao dinheiro tradicional, não utilizará o poder do Facebook para diminuir a importância das aplicações rivais. O documento menciona ainda que os reguladores estão a examinar as aplicações da família da rede social, como o WhatsApp e Messenger, e sobretudo a estrutura de liderança e associação da Libra Association.
Os supervisores da proteção de dados também estão preocupados se a Libra irá partilhar informações. Foi mencionado que o Facebook tem o potencial de combinar reservas de dados pessoais com informações e criptomoeda, ampliando a preocupação sobre a forma como os dados serão partilhados pela rede.
Libra na mira do Governo dos Estados Unidos
Quem também não está a ver com “bons olhos” a introdução da Libra no mercado é o Governo dos Estados Unidos. Primeiro foi o Congresso americano a pedir ao Facebook para suspender a criptomoeda até que os legisladores tenham mais tempo para investigar as ramificações das ações da empresa. Em carta enviada à empresa de Mark Zuckerberg, os legisladores pedem para “cessar imediatamente os planos de implementação” da Libra. De acordo com a carta, é “imperativo” que o Facebook e os seus parceiros o façam “até que os reguladores e o Congresso tenham a oportunidade de examinar essas questões e agir em conformidade”, tendo em conta que “o Facebook já está nas mãos de um quarto da população mundial”.
Depois foi o próprio Donald Trump a “condenar” a Libra ao fracasso. “Não sou fã dos Bitcoins ou de outras criptomoedas que não são dinheiro e cujo valor é altamente volátil” e imprevisível”, defendeu o presidente norte-americano Trump. “Estes cripto bens não regulados podem facilitar comportamentos impróprios, incluindo comércio de drogas e outras atividades ilegais”, acrescentou. Explicadas as fragilidades das criptomoeadas, Trump adiantou que “pela mesma razão, a moeda virtual do Facebook, a Libra, será pouco confiável e terá pouca importância”. Para o presidente dos Estados Unidos, o dólar é a moeda mais fiável do mundo. “Só temos uma moeda nos EUA e está mais forte que nunca”, recordou.
A posição de Donald Trump motivou críticas por parte das entidades ligadas às criptomoedas, como a Blockchain Association, referindo que o presidente devia apoiar este tipo de tecnologia, pelo seu potencial para impulsionar o crescimento económico dos EUA.
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