Desenvolvida para dar um toque mais humanizado à tecnologia, a Cris surgiu após a explosão em popularidade do ChatGPT em novembro de 2022, altura em que a empresa se apercebeu do potencial da IA generativa num contexto de gestão empresarial.
“Se nós pensarmos no ambiente empresarial, IA é excelente, mas precisa de dados”, começa por explicar Ricardo Parreira. “Precisa de informação para trabalhar sobre informação. Normalmente, onde está a informação de uma empresa? No seu ERP [sistema de planeamento de recursos empresariais]”.
A empresa começou a pensar que a “solução perfeita” para os seus utilizadores seria “ter alguém que pode executar tarefas por si”, recorrendo aos seus dados, também para melhorar ou automatizar tarefas e assim nasceu a Cris, lançada em setembro do ano passado.
Como detalha Ricardo Parreira, a assistente recorre a duas APIs, uma do Azure AI, da Microsoft, e outra da OpenAI, que comunicam entre si e que contam com medidas para garantir a segurança dos dados.
“A Cris tem 2 modos de utilização e em cada um deles dá superpoderes diferentes”, realça o responsável. Além da vertente de interação direta com o utilizador, que permite, por exemplo, fazer perguntas aos dados e pedir ajuda para realizar tarefas, a assistente também pode ser automatizada dentro do software da PHC.
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A implementação da Cris traduz-se numa poupança de tempo e num aumento de produtividade e qualidade, dando aos gestores das empresas a oportunidade de canalizarem as suas energias para tarefas mais importantes, afirma o responsável.
Apesar de já estar a ser utilizada por mais de 100 empresas, Ricardo Parreira indica que todas ainda estão numa fase muito exploratória e de aprendizagem, em grande parte, devido à resistência à mudança. “Não chega comprar a Cris e pô-la no seu sistema. Temos de fazer o reskilling das pessoas”, realça.
Apesar disso, os planos para o futuro da assistente inteligente são ambiciosos. “Acreditamos que pode ser um agente de execução”, conta o CEO da PHC Software. “Nós vemos aqui um caminho muito interessante para a Cris de pôr o software a trabalhar para a empresa em vez de apenas reagir a comandos”.
"A IA generativa em 2025 vai ser uma tecnologia irrefutável"
Ricardo Parreira defende que a IA Generativa traz um vasto leque de oportunidades para as empresas. “É incrível a quantidade de coisas que as pessoas fazem que não trazem valor, como não há empresa que não queira fazer mais coisas do que consegue”.
Por um lado, o responsável não nega os riscos que existem e do sério perigo que a tecnologia pode representar ao cair nas mãos erradas, motivo pelo qual considera que a regulamentação é “fundamental, urgente e importantíssima”. “Têm de existir regras muito ‘apertadas’, mas sempre com o equilíbrio de deixar a inovação evoluir”.
Este é um equilíbrio difícil e, mesmo com passos importantes como o AI Act na Europa, nem estamos numa corrida contra o tempo, “é uma derrota permanente”. “A legislação está sempre atrasada. À velocidade com que esta tecnologia está a evoluir vai ser sempre difícil para a legislação acompanhar”.
“Não podemos estar só dependentes da regulamentação (...) toda a sociedade tem de ter a noção e temos que, de uma forma muito ativa, muito mais ativa do que no passado, reagir e denunciar as más utilizações”, realça Ricardo Parreira.
Por outro lado, o CEO da PHC Software argumenta que a IA “tem a pior campanha de marketing de sempre”, com foco nos impactos negativos.
O que é certo é que outras tecnologias que impulsionam revoluções passaram por processos semelhantes, veja-se o caso da Internet. Mas, “o tempo destas revoluções mudou imenso”, afirma. “A Internet demorou 5-10 anos para ser uma realidade inabalável. A IA generativa em 2025 vai ser uma tecnologia irrefutável”.
Quem não apanhar este comboio arrisca-se a “ficar mais para trás do que é costume”. “Eu vejo uma ameaça para quem não a adotar e uma oportunidade para quem a adotar e souber adotar”, enfatiza.
Na sua visão, a IA generativa “é realmente algo muito diferente, muito poderoso, que ainda estamos a arranhar a superfície do que é possível fazer”. “Esta tecnologia não vem resolver as desigualdades entre as pessoas, mas temos que não só trabalhar o nosso espírito crítico e de julgamento, algo que sempre diferenciou os seres humanos”.
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