A rede social criada por Donald Trump, depois de ter sido banido das principais plataformas deste género, continua envolvida em polémica. Nas últimas semanas, a Truth Social tem sido notícia em vários meios americanos por causa de supostas dificuldades financeiras, que já se refletirão em dívidas a fornecedores. O caso mais apontado é de uma alegada dívida ao fornecedor de serviços de alojamento, que não receberá desde março e que já ascende a 1,6 milhões de dólares.
Entretanto, o veículo de investimento que planeia uma fusão com o Trump Media and Technology Group pode ser obrigado a adiar o negócio. Na segunda-feira comunicou ao mercado que os acionistas estão a considerar a opção e vão votar o adiamento da operação de investimento pelo prazo de um ano. Principal razão: as questões legais que nas últimas semanas atiraram Trump para a ribalta, por causa das buscas do FBI a uma das suas residências estão a fragilizar a imagem do ex-presidente.
O negócio com a DWAC - Digital World Acquisition Corp estava previsto para 8 de setembro e traria ao projeto uma injeção de capital importante, mas os acionistas do veículo de investimento vão agora decidir se a data se mantém ou é revista, uma decisão que será conhecida no dia 6 de setembro.
A DWAC é um SPAC - Special Purpose Acquisition Company, uma empresa criada propositadamente para angariar fundos para a aquisição de outra, neste caso a Trump Media, que através da fusão ganhará acesso ao mercado de capitais para se financiar, sem ter de passar por um IPO. É um instrumento cada vez mais popular e que tem protagonizado algumas das entradas em bolsa mais bem-sucedidas dos últimos dois anos, mas os atrasos sucessivos no processo têm deixado a DWAC numa posição frágil.
Documentos divulgados pela SEC mostram que o veículo perdeu 6 milhões de dólares nos primeiros seis meses do ano e que tem agora 293 milhões de dólares num fundo que representa a maior parte dos seus ativos. Desde março, as ações da empresa já perderam 75% do seu valor e a companhia admite que vai precisar de mais fundos - e provavelmente de mais tempo - para concretizar a operação para a qual foi criada.
Enquanto isso, o regulador do mercado de capitais e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos continuam a investigar o negócio entre a Trump Media e a DWAC. Há suspeita de que funcionários de ambas as empresas tenham mantido contactos que os regulamentos do mercado de capitais não permitem, na fase de preparação do negócio.
Na semana passada, o projeto de Trump sofreu ainda outro revés, ao ver negado o pedido de registo de marca junto do gabinete competente nos Estados Unidos. O U.S. Patent and Trademark Office considerou que Truth Social é um nome facilmente confundível com outras marcas existentes e já registadas.
A estes problemas juntam-se outros mais antigos. A app foi lançada em fevereiro, mas só ficou a funcionar em pleno na App Store em maio. Ainda não está disponível para Android, alegadamente por questões relacionadas com uma “moderação de conteúdos insuficiente”, admitiu a empresa que está a tratar do processo, garantindo também que está a trabalhar com a Google para resolver o problema.
Trump continua a usar a rede social para partilhar opiniões e estados de espírito, muitas vezes sobre temas “censurados” noutras plataformas, com as teorias da conspiração QAnon, que deram mote a publicações feitas ainda este fim-de-semana.
O ex-presidente também aproveitou o palco da plataforma para desmentir os rumores sobre os problemas na Truth Social, garantindo que as buscas do FBI tiveram um efeito massivo na rede social, mas como catalisador de novos membros para a rede social. Segundo ele, os novos acesso à plataforma cresceram 550% depois das buscas, como cita a Forbes. Os dados são confirmados por empresas independentes, que também confirmam uma estabilização do número de novos acessos, depois deste pico.
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