A Atos e o Governo francês estão a negociar a compra pelo Estado de parte do negócio da empresa por 500 milhões de euros. Em questão está a compra da unidade BDS da Atos que inclui os negócios de computação avançada, sistemas críticos e produtos de cibersegurança, onde trabalham cerca de 4 mil pessoas.
A unidade gera vendas anuais de 900 milhões de euros, segundo informação fornecida à Reuters pelo ministro em abril, altura em que o Estado francês já tinha avançado com uma primeira proposta de aquisição, que acabou por não ser aceite.
O executivo liderado por Macron propõe agora ficar apenas com a área de computação avançada da Atos, com a empresa a explicar que será por isso lançado um processo formal de venda das unidades de Sistemas Críticos e Produtos de Cibersegurança.
A Atos é um dos principais fornecedores do Estado francês em serviços críticos de comunicações, nomeadamente na área militar e nuclear, para além de fabricar servidores para supercomputadores.
A empresa enfrenta dificuldades há vários meses. Está há quase um ano à procura de novos investidores, para conseguir livrar-se de uma dívida milionária e prosseguir uma estratégia de reestruturação já anunciada e no terreno. Já decorreram negociações com diferentes interessados, incluindo com o Estado francês, que também já injetou dinheiro na empresa, mas todos os cenários falharam até agora.
As novas negociações avançam com o objetivo de ter um acordo de aquisição fechado até 31 de maio. Quando o acordo for fechado, a Atos recebe imediatamente um pagamento de 150 milhões de euros. O valor total do negócio pode aumentar até aos 625 milhões de euros.
“É papel do Estado francês garantir, como acionista quando tal se justifica, a perenidade e o desenvolvimento das atividades industriais mais estratégicas para a nossa soberania”, sublinhou um comunicado lançado pelo governo sobre a operação, assinado pelo ministro das finanças francês, Antoine Armand.
Em 2023, as perdas da Atos triplicaram para 3 mil milhões de euros, segundo os dados divulgados no Relatório e Contas da Empresa. Neste valor estavam já 223 milhões de euros relativos a custos de reestruturação, mais 382 milhões de euros em custos de transformação, no âmbito de um plano que passa por dividir a empresa em duas, como sublinha a Reuters. A estratégia tem sido liderada pelos diferentes CEOs que a empresa já teve no último ano, mas tem avançado pouco por causa da falta de capital e da pressão dos credores.
Em abril houve uma primeira proposta do Estado para comprar a empresa fundada em 1988 e com um papel determinante na segurança do Estado francês. No sector privado houve também várias negociações, entre elas com um consórcio liderado pela Airbus. Em Julho, anunciou um novo plano de recuperação negociado com a banca e acionistas de 1,7 mil milhões de euros, que já foi aprovado pela justiça. O dinheiro deverá começar a chegar nos próximos meses. No início do mês o Parlamento francês também já tinha aprovado uma emenda para acomodar uma possível nacionalização da empresa.
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