A Comissão Europeia lançou esta segunda-feira a primeira chamada para o financiamento de fábricas de inteligência artificial na região. Estas AI Factories têm como objetivo reforçar a capacidade europeia de testar e desenvolver soluções de IA, alinhadas com os princípios europeus de segurança e confiança preconizados pela legislação local (AI Act). Vão estar ligadas à rede europeia de computação de alta performance (HPC) e serão abertas a investigadores, empresas e startups. O objetivo é que sejam espaços que agreguem poder de computação, acesso a dados e capacidade de armazenamento e talento.
“As fábricas de IA vão reunir os principais ingredientes necessários para que a Europa se torne uma potência mundial em matéria de IA: uma capacidade de computação elevada, grandes quantidades de dados e um conjunto diversificado de talentos”, sublinhou Margrethe Vestager, vice-presidente executiva de Uma Europa Preparada para a Era Digital
“Ao explorar o extraordinário potencial dos nossos supercomputadores nacionais, as fábricas permitirão que as PME, os cientistas e as empresas em fase de arranque da Europa se desenvolvam como inovadores em matéria de IA e definam o ritmo da liderança da UE neste domínio”, acrescenta ainda uma citação da comissária sobre o tema.
Nas Fábricas de IA europeias empresas e investigadores vão poder treinar grandes modelos de linguagem, a vertente mais dispendiosa dos desenvolvimentos de IA, que será facilitada pela possibilidade de usarem os recursos da EuroHPC.
Tal como a rede de supercomputadores europeus, as AI Factories vão estar ligadas entre si para facilitar o trabalho colaborativo e maximizar valor. A Comissão acredita que darão um contributo importante para acelerar o desenvolvimento e teste de soluções baseadas em IA em setores como a defesa, transportes, robótica, indústria, entre outros.
“A Europa tem de se tornar um líder mundial na inovação da IA. As fábricas de IA ajudarão a garantir a nossa posição na vanguarda desta tecnologia transformadora”, defende Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, lembrando outros passos importantes que a região tem vindo a dar para alcançar esta meta.
“A Europa já está a liderar o caminho com a Lei da IA da UE, garantindo que a IA é mais segura e mais fiável. No início deste ano, cumprimos a nossa promessa ao abrir os nossos computadores de alto desempenho às empresas europeias em fase de arranque no domínio da IA”.
O prazo de candidaturas para o financiamento de AI Factories arrancou esta segunda-feira e prolonga-se até 31 de dezembro de 2025, com prazos intercalares a cada três meses. O primeiro termina a 4 de novembro. O financiamento previsto ronda os 2 mil milhões de euros. Metade assegurada por fundos dos programas Europa Digital e Horizonte Europa e outra metade pelos Estados-membros.
O conceito de fábricas de IA foi apresentado pela Comissão Europeia em janeiro, no âmbito da iniciativa Inovação para a IA, centrado no reforço da capacidade competitiva da Europa no domínio da inteligência artificial generativa. Entre financiamento europeu e fundos privados, a implementação do pacote de medidas deve compreender investimentos de 4 mil milhões de euros até 2027. O mesmo pacote prevê medidas para acelerar a formação de recursos na área da IA, reforço do investimento privado em startups da mesma área e alterações legislativas que enquadrem a partilha de dados dentro da UE.
A alteração legislativa que adapta o regulamento da rede EuroHPC à utilização para este fim já tinha sido aprovada em junho.
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