Quando o termo de comparação é Silicon Valley, é muito provável que os mercados tecnológico e de inovação da Europa acabem por seu eclipsados. Mas há que ter em atenção a palavra “quase”.

O co-fundador e CEO da BlaBlaCar, Nicolas Brusson, acredita que fazer comparações é um exercício sem sentido, tendo em conta que cada mercado é um mercado, composto por tecidos empresariais diferentes e movidos por dinâmicas próprias, explicou numa sessão do Web Summit.

O ecossistema empresarial europeu está a mudar consideravelmente, de acordo com o executivo, e são cada vez mais os jovens que querem trabalhar em startups, em detrimento de posições em empresas tradicionais. Isto é uma tendência recente e cada vez mais marcada.

O ambiente regulatório europeu é visto como um “bicho-papão” e isso é uma imagem incorreta da realidade, segundo Brusson. Falando por experiência, o gestor francês garante que a Comissão Europeia está disposta a ouvir o que as empresas têm a dizer.

Mas a “boa vontade” só leva até certo ponto. Se não houver legislação que fomente o crescimento das empresas europeias e promova a inovação no continente, Silicon Valley continuará a dominar.

Carlos Moedas sublinhou que existe um fosso entre aquilo que é a atividade legislativa e as necessidades do mercado. Na perspetiva do comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, legislar demora tempo demais para conseguir andar lado a lado com os desenvolvimentos no mercado regional.

O desafio hoje é manter as empresas europeias na Europa. Carlos Moedas acredita que os investimentos de risco europeus ainda são pouco significativos, comparativamente aos feitos nos Estados Unidos.

Como já tinha anunciado nesta edição do Web Summit, o representante frisa que a União Europeia lançou um programa de apoio às empresas europeias, aquilo a que chamou de “o fundo dos fundos”. A primeira fase deste programa arrancou durante o dia de hoje no Web Summit, e que dá início à procura de um gestor deste fundo, que integra 400 milhões de euros vindos da UE e cerca de mil milhões de euros que serão colocados por esse gestor.

Mas o segredo da inovação está na experimentação, segundo a CEO do Booking.com, Gillian Tans. Líder de uma das maiores plataformas de comércio eletrónico do mundo, a executiva é da opinião de que um mercado maior confere mais oportunidades de experimentação e, consequentemente, para inovar. Se o mercado é pequeno, diz ela, é preciso expandir além-fronteiras.

A CEO da Booking.com sublinha que a Europa precisa de “uma economia digital única” e que há ainda muitos passos a dar para que isso se possa tornar uma realidade tangível.

Quanto ao Mercado Único Digital, Carlos Moedas explica que o processo de desenvolvimento desta estratégia está em curso, mas que ainda é preciso tempo para que as negociações entre dos 28 Estados-membros.

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