Massimiano Bucchi da Universidade de Trento e Federico Neresini da Universidade de Padova revelaram esta semana os resultados da sua pesquisa feita em Itália, no final do ano 2000 e de 2001, sobre o efeito da exposição à informação de ciência nos media. O objectivo era perceber se esta exposição conduz a um maior sentimento de confiança em relação ao trabalho científico, em especial no que diz respeito à biotecnologia.



As primeiras conclusões confirmaram as expectativas de que nem sempre a exposição à informação aumenta a confiança nem tão pouco significa que a pessoa tenha uma maior capacidade de compreensão.



Aos mais de mil participantes que constituem a amostra foi pedido que respondessem a perguntas relativamente ao seu nível de exposição a jornais diários, livros e revistas especializados na área e a programas de televisão e de rádio específicos sobre ciência. Refira-se que as questões colocadas foram muito semelhantes às do Eurobarometro de 1999 embora tenham sido acrescentadas perguntas sobre a confiança na ciência e nos cientistas e em relação aos riscos e aceitabilidade das biotecnologias.



Desta forma, concluiu-se que o facto dos cidadãos terem conhecimento das práticas cientificas não quer necessariamente dizer que isso crie uma maior aceitação por parte das pessoas e pode mesmo resultar em críticas mais duras em relação a algumas experiências. Por exemplo, 64 por cento dos inquiridos mais expostos aos media considera a pesquisa embrionária eticamente condenável, opinião partilhada por 59 por cento dos indivíduos menos expostos. Quanto à clonagem reprodutiva cerca de 80 por cento de consumidores regulares de produtos informativos científicos consideram-na inútil, uma percentagem muito próxima daqueles que estão menos em contacto com os media sobre ciências e que é de 76 por cento.



Quanto à liberdade dada aos cientistas para conduzirem as suas pesquisas de biotecnologia, cerca de 63,9 por cento é da opinião que as empresas privadas não deveriam poder tomar decisões dessa natureza nesta área e demonstraram mesmo algum interesse em participar nestas decisões, segundo afirmam 22 por cento dos inquiridos. Cerca de 20 por cento considera que deveriam ser os próprios cientistas a determinar. Em relação à possibilidade de participar numa discussão pública sobre biotecnologia com cientistas, jornalistas e políticos, 28 por cento dos inquiridos mostrou-se interessado.



A educação surge ainda como um dos principais meios de divulgação das actividades cientificas já que de acordo com responsáveis deste estudo os media por si só não conseguem enfrentar as dúvidas dos cidadãos.



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