Um novo estudo publicado pela Accenture focou-se no défice tecnológico presente nos altos cargos de administração das empresas. E as conclusões são que apenas 14% dos membros dos conselhos de administração das empresas europeias têm experiencia em tecnologia. Essa lacuna está a fazer com que as empresas estejam a desperdiçar um encaixe adicionar de receitas de quase 3 mil milhões de euros até 2024.
Em comparação com os Estados Unidos, cuja média é de 22%, Portugal situa-se abaixo dos 5% nos membros com cargos C-Level. Portugal é, aliás, o país que regista os valores mais baixos, juntamente com outros abaixo dos 10%, incluindo a Noruega (6,2%) e a Áustria (6,1%). E a nível europeu, 33% das empresas não têm qualquer membro do conselho de administração com experiência em tecnologia, contra os 19% das empresas dos Estados Unidos.
A Accenture diz que para responder a esta lacuna, as organizações europeias devem tentar novas abordagens, tais como melhorar a experiência tecnológica dos seus líderes, acelerar os investimentos em Investigação e Desenvolvimento para aceder a novos modelos de negócio e tirar partido dos pontos fortes em termos de competências.
O relatório afirma que as receitas adicionais projetadas para as empresas europeias representam um aumento de 12% em 2023 e até 13% em 2024. O estudo destaca que neste ambiente macroeconómico volátil, em que as empresas precisam se reinventar continuamente para crescerem e se manterem resilientes, é necessário que os membros dos conselhos de administração tenham os respetivos conhecimentos tecnológicos.
Como refere o CEO da Accenture para a Europa, Jean-Marc Ollagnier, antes os conselhos de administração e diretores executivos pensavam em primeiro lugar na estratégia de negócio e apenas depois como a tecnologia poderia apoiar. Mas afirma que agora é vital que a tecnologia esteja presente desde o início do pensamento de novos produtos ou arriscam-se a perder os milhares de milhões em receitas adicionais. E dá como exemplos o domínio de tecnologias como IA, 5G, gémeos digitais e outros.
O relatório dá também conta que, apesar da lacuna da experiência tecnológica ao mais alto nível, as empresas estão empenhadas em melhorar as competências. 28% dos inqueridos afirmam que têm um programa tecnológico na empresa, enquanto apenas 18% das organizações dos Estados Unidos o fazem.
Ainda sobre a comparação da Europa com os Estados Unidos, as empresas europeias investem menos em I&D que as suas homólogas do outro lado do oceano. E essa diferença está a aumentar. Em 2017 as empresas estavam 70% atrás em investimentos em percentagens das suas receitas. Em 2022 esse valor duplicou para 140%, numa diferença de 147 mil milhões de dólares.
Relativamente às patentes registadas, relacionadas com IA, na Europa regista-se também menos projetos. Apenas 60% das empresas europeias registaram patentes de IA, nos Estados Unidos 77% e Ásia-Pacífico 89%. Apenas 34% das empresas registaram patentes no domínio da Generative AI, em comparação com 60% na América do Norte e 73% na Ásia Pacífico.
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