Os números foram divulgados a propósito das sessões de esclarecimento sobre as ferramentas de financiamento EIC Accelerator e EIC Pathfinder organizadas nos últimos dois dias, em que participaram mais de 200 entidades.

De acordo com a Agência Nacional de Inovação (ANI) o financiamento do Conselho Europeu de Inovação a empresas deep tech está próximo dos 27 Milhões de Euros. "Só no EIC[European Innovation Council]Accelerator, o principal instrumento da iniciativa integrada no Horizonte Europa, Portugal já captou 22 milhões de euros", refere esta organização.

No EIC Pathfinder, as empresas portuguesas arrecadaram 4,9 milhões de euros, o que corresponde a 28% do financiamento total obtido por Portugal.

Em conjunto, os dois instrumentos financiaram 30 projetos com participação de entidades portuguesas.

Em comunicado a ANI destaca projetos nos setores de tecnologias, transportes, agrobio, vinhos e saúde e empresas de Porto, Braga, Guimarães, Aveiro, Cantanhede e Odivelas.

A ANI lista os financiamentos do EIC Accelerator nos últimos dois anos a empresas. Veja a informação partilhada:

  • C2C-NewCap – A empresa tecnológica, localizada em Odivelas, captou um investimento de 5,4 M€ para desenvolver e trazer para o mercado dois produtos à base de tecnologia de supercondensador para substituir baterias de chumbo em veículos pesados e condensadores de tântalo. O chumbo é um metal tóxico e o tântalo uma matéria-prima crítica e com origem em países com conflitos políticos e sociais. As baterias de chumbo e condensadores fazem parte do nosso dia a dia, estando presentes em veículos e aparelhos eletrónicos, respectivamente. As tecnologias disruptivas desenvolvidas pela C2C-NewCap trazem uma solução eletroquímica mais sustentável que maximiza a utilização de energia, e minimiza custos operacionais e ambientais.
  • Immunethep - A empresa do Biocant Park, em Cantanhede, está a desenvolver uma vacina que protege contra cinco bactérias responsáveis por 80% das infeções bacterianas em humanos. Estas bactérias representam um grave problema devido à sua resistência a antibióticos. A vacina é estável em diferentes temperaturas o que a torna de fácil armazenamento e transporte. A Immunethep vai receber 2,5M€ numa primeira fase, tornando-a elegível para um investimento adicional que lhe permita dar seguimento aos ensaios clínicos e escalar a nível mundial.
  • WATGRID – Empresa localizada no Creative Science Park, em Aveiro, viu financiada uma tecnologia que faz a recolha de dados em tempo real através de uma plataforma de análise para ajuste automático dos parâmetros do processo de vinificação, podendo tornar o processo mais sustentável. O projeto teve financiamento aprovado de 2,8 M€.
  • RUBYnanomed – Empresa de Braga, recebeu 7 M€ para trazer para o mercado mundial o projeto BRIGHT, um novo sistema de diagnóstico de metástases do cancro da mama.
  • Arboreabiofoods – Empresa do Porto, viu o projeto Biosolar Leaf, ser financiado em 2,3 M€. O objetivo  é desenvolver uma tecnologia de produção de microalgas em larga escala para o mercado da proteína alimentar.
  • AI4MedImaging Medical Solutions – Empresa localizada em Braga, criou um software clínico baseado em inteligência artificial (IA) para relatórios de ressonância magnética cardíaca totalmente automatizado.
  • Peek Health – Empresa de Braga, desenvolveu um sistema baseado em IA para cirurgia ortopédica que ajuda os cirurgiões a automatizar totalmente o planeamento pré-operatório da osteotomia do joelho. A empresa teve financiamento aprovado de 2,2 M€.

O EIC Accelerator tem por objetivo apoiar startups e PME com tecnologias disruptivas a desenvolverem os seus negócios à escala global, através da oferta de financiamento a fundo perdido de até 2,5 milhões de euros, combinado com investimentos de capital próprio até 15 milhões de euros provenientes do Fundo do Conselho Europeu de Inovação.

Além do apoio financeiro, todos os projetos beneficiam de acesso a serviços de aceleração de negócios para desenvolvimento de oportunidades de investimento e crescimento a nível mundial.

Este programa está aberto em contínuo, desde 2021, tendo três datas anuais para avaliação das candidaturas.

Empresas portuguesas captam 28% do financiamento no EIC Pathfinder

A ANI destaca ainda que, no âmbito do instrumento de financiamento Pathfinder, que pretende financiar ideias e tecnologias disruptivas e de baixa maturidade tecnológica, num valor até 4 milhões de euros, as empresas portuguesas já arrecadaram 4,9 milhões de euros, o que representa um retorno de 28% do financiamento total obtido por Portugal.

Este valor está distribuído por um total de nove projetos aprovados, sendo um deles coordenado por empresas nacionais. A empresa Stemmatters, que tem sede em Guimarães, foi a que conseguiu um maior valor de financiamentocom um total de 1,8 M€ para os projetos PAT4CGT - Automated online monitoring & control to improve processes and decision making in cell and gene therapy manufacturing e CAR T-REX - CAR T cells rewired to prevent EXhaustion in the tumour microenvironment, este último coordenado pela empresa. São ambos projetos na área da biotecnologia em saúde.

A Silicongate, do Porto, obteve o segundo maior financiamento a nível nacional, com um total de 0,7  milhões de euros para o projeto UPSIDE - Focused Ultrasound Personalized Therapy for the Treatment of Depression, também na área da saúde.

Do total dos 23 projetos aprovados com a participação de entidades nacionais, nove contam com empresas, representando 39% dos projetos aprovados no biénio 2021-2022.

António Grilo, presidente da ANI, sublinha que “Portugal tem vindo a ter uma performance extremamente positiva no Horizonte Europa e este balanço no acesso a financiamento por via do Conselho Europeu de Inovação vem confirmá-lo. É de destacar a capacidade que as entidades de I&D em Portugal e as empresas vêm demonstrando de participar e até coordenar projetos verdadeiramente deep tech à escala mundial”.

As empresas são apoiadas pela ANI, no acesso a financiamento, através da rede dos Pontos de Contacto Nacional ao Horizonte Europa e pela Enterprise Europe Network (EEN). A participação nacional no EIC é acompanhada pela ANI no âmbito da rede PERIN.