O peso do investimento e a concorrência são as principais barreiras identificadas para entrar ou crescer no sector, pelas empresas que disponibilizam produtos ou fornecem serviços de Internet das Coisas (IoT) na Europa.
No que se refere aos custos, os mais relevantes são os que se relacionam com os assistentes virtuais. Na concorrência a principal dificuldade está em competir com operadores verticais, que construíram os seus próprios ecossistemas e que estendem a sua presença muito para lá dessa área. Listados no relatório da Comissão Europeia, que divulgou os resultados preliminares de um inquérito a mais 200 empresas com ofertas na área do IoT, estão os suspeitos do costume: Google, Amazon ou Apple.
“Como estes atores fornecem os sistemas operativos mais comuns para dispositivos inteligentes e móveis, bem como os principais assistentes de voz, determinam os processos de integração de dispositivos e serviços inteligentes num sistema IoT para o consumo” explica uma nota divulgada pela CE, resumindo as principais queixas dos fornecedores de produtos e serviços de IoT.
As empresas mostraram ainda preocupação com as práticas de exclusividade relacionadas com os assistentes de voz e com práticas que limitam a possibilidade de usar diferentes assistentes de voz no mesmo dispositivo.
Apontaram ainda como motivo de preocupação a posição assumida pelos sistemas operativos dos assistentes de voz e dispositivos inteligentes, enquanto intermediários da relação entre cliente e prestador de serviços.
Em questão aqui estão os dados gerados e recolhidos pelo SO que, na opinião de muitas empresas, remete para àquele software o controlo da relação com o utilizador, para além de permitir acumular grandes volumes de informação, que podem ser usados para acelerar a entrada noutros mercados.
Outro aspeto apontado é a fragmentação da tecnologia e a preponderância de normas proprietárias vs esforços para criar standards da indústria, vista como um potencial problema para a interoperabilidade das soluções de IoT.
Os dados constam do relatório preliminar às empresas que comercializam produtos e serviços de consumo na área da Internet das Coisas na União Europeia.
Margrethe Vestager, vice-presidente da Comissão Europeia, sublinha em comunicado que quando a CE lançou o inquérito, tinha a preocupação de poderem estar a emergir neste mercado empresas poderosas o suficiente para travarem a concorrência a outras. Diz agora que os resultados mostram que “muitos no sector partilham as nossas preocupações”, sublinhando a necessidade de criar um ambiente concorrencial justo para fazer crescer o mercado.
Recorde-se que os dados agora apurados vão servir de base para futura regulação europeia nesta matéria, não para já, mas no futuro. Para já, o passo seguinte será a colocação em consulta pública do relatório, que até setembro vai receber novos inputs de quem está no mercado. A soma de todos esses contributos contribuirá para a versão final do documento, que deve ficar disponível na primeira metade de 2021.
O Inquérito às empresas foi lançado em julho de 2020 e faz parte da estratégia digital da comissão. Reuniu informação de 200 empresas, que partilharam com a CE detalhes de mais de 1000 acordos.
O relatório concluiu também que, embora recente, esta é uma área em crescimento acelerado, sobretudo no que se refere à proliferação de assistentes de voz e interfaces de utilizador que permitem interação entre consumidores e diferentes tipos de dispositivos.
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