O Fórum Económico Mundial, em colaboração com algumas das maiores empresas globais, lançou uma framework que pretende ser um modelo de referência para as empresas que desenvolvem e usam tecnologia e que querem alinhar as suas estratégias de mercado com a prioridade de criar e promover confiança digital.

Participaram na criação deste modelo de referência várias consultoras e grandes empresas de tecnologia como a Apple, Microsoft, Google, Amazon, Mastercard ou a PayPal, assim como empresas de outros sectores, como o Walmart ou a IKEA, que partilharam as suas práticas para ajudar a criar um roadmap de ação, que outras companhias vão agora poder seguir. A Comissão Europeia e os Governos dos Estados Unidos e de Singapura também integraram este grupo de trabalho.

Este quadro de referência para a ação identifica as variáveis que as empresas não podem deixar de considerar para promover confiança digital na sua abordagem ao mercado e mostra como e em que fase devem ser consideradas, nos processos de desenvolvimento e utilização de tecnologia.

Digital Trust - FMI
créditos: FMI

“O Quadro de Confiança Digital do Fórum mostra pela primeira vez como o compromisso com a segurança informática, a privacidade, a transparência, a possibilidade de reparação, a auditabilidade, a equidade e a interoperabilidade - quando considerados em conjunto e conduzidos pelos CEOs - podem melhorar a confiança tanto dos cidadãos como dos consumidores na tecnologia e nas empresas que criam e utilizam novas tecnologias”, destaca-se.

Como clarifica o FEM no estudo de suporte à apresentação deste novo quadro de referência, a confiança digital é a expectativa dos utilizadores que os serviços e tecnologias digitais - e as empresas que os fornecem - vão proteger os interesses de todos os que afetam.

Na prática, isto nem sempre se verifica e isso também é sublinhado no documento, com vários exemplos concretos: “da inteligência artificial aos dispositivos conectados, da segurança das informações pessoais às previsões algorítmicas, as falhas de quem desenvolve tecnologia e dos fornecedores de serviços digitais têm corroído a confiança a uma escala e ritmo sem precedentes”.

O estudo Earning Digital Trust: Decision-Making for Trustworthy Technologies foi desenvolvido em parceria com a Accenture, KPMG e PwC e mostra como a colaboração entre cibersegurança, privacidade e ética e outras áreas de negócio podem melhorar a confiança na tecnologia.

Surge numa altura em que os consumidores esperam cada vez mais que as empresas desenvolvam e coloquem no mercado soluções que atendam a um conjunto de valores como a privacidade, utilização cuidada dos seus dados ou inclusão e em que já penalizam as empresas que não o fazem, com as suas escolhas.

O documento deixa também dados de alguns estudos sobre este tema, lembrando que hoje só 10% dos executivos se sentem preparados para cumprir com os requisitos de transparência na área da cibersegurança, segundo um estudo recente da PwC. Já outra pesquisa da Accenture estimava que, ainda em 2017, a falta de confiança dos seus interlocutores terá custado às empresas norte-americanas 756 mil milhões de dólares.