Quão extensa é a realidade de manipulação dos sites de comércio eletrónico? Foi a esta questão que um estudo da Universidade de Princeton propôs dar resposta. Dos 11 mil sites analisados na investigação foram detetados 1.841 “dark patterns” em 1.267 sites cujas tendências variam entre “confirm-shaming” (manipular o utilizador a escolher uma opção) e estratégias que pressionam os consumidores a fazer uma compra, através de ofertas limitadas no tempo. Nesta análise foram identificados inclusive sites que adicionaram mais produtos ao carrinho de compras sem a permissão do utilizador.
De acordo com a revista Fast Company, os investigadores desenvolveram um robot que simula a forma como o utilizador navega num site de comércio eletrónico, enquanto coleciona todas as informações de texto e estilo de cada página. Após este processo, os investigadores analisaram os “dark patterns” identificados.
Para ajudar os consumidores a saberem mais sobre os sites que adotam este tipo de estratégias um grupo da Universidade de Princeton desenvolveu a plataforma Tricky Sites.
O estudo, ainda em rascunho e sob submissão, é o primeiro a analisar de que forma as empresas adotam “dark patterns” na internet e identificou 15 diferentes tipos de estratégias manipuladoras.
A investigação destaca ainda a forma como as companhias se estão a especializar em estratégias enganadoras, que incluem táticas como tempos limitados de descontos ou ofertas e a partilha de informação que o stock está a terminar para pressionar os consumidores a fazerem a compra.
Maiores sites de comércio eletrónico estão na “lista negra”
De acordo com o estudo, os autores destas estratégias manipuladoras são alguns dos maiores sites de comércio eletrónico, incluindo Walmart e J.Crew, mas também sites com menos utilizadores. No entanto, um representante da companhia Walmart veio desmentir esta acusação, afirmando que a empresa não adota qualquer tipo de “dark patterns” no site.
O estudo surge no mesmo momento em que a consciencialização sobre “dark patterns” entre os reguladores está a crescer. No Reino Unido, uma agência pública recentemente propôs regras que visam proteger as crianças deste tipo de estratégias. Também atentos a este problema, os Estado Unidos anunciaram no início deste ano um projeto-lei focado em travar softwares fraudulentos.
Os investigadores estão em contacto com a equipa do senador Mark Warner, que está a liderar a operação, e esperam que esta ferramenta possa fornecer uma forma de detetar e impor uma lei como aquela que está a ser pensada. No entanto, a proposta de lei só se aplica a sites com mais de 100 milhões de utilizadores ativos, o que significa que a maioria, senão todos os sites analisados pela equipa, não seriam afetados.
Os investigadores pretendem continuar este trabalho de análise, mas noutras áreas, tais como nas práticas utilizadas em apps para as crianças.
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