A Capgemini Portugal apresentou uma nova estrutura organizacional e estratégia em setembro, onde os laboratórios de investigação e desenvolvimento também fazem parte da “receita” do grupo para tornar o país num hub de inovação tecnológica. A tecnologia quântica é uma das áreas onde a Capgemini Engineering está a apostar e, ao SAPO TEK, Maria da Luz Penedos, Managing Director da submarca para Portugal e Tunísia, detalha as metas para o novo Quantum Lab (Q Lab).
Em outubro, a Capgemini Engineering inaugurou o Q Lab, um projeto que começou em 2019 e que, no início de 2022, deu um passo importante. A submarca passou a fazer parte da rede global dedicada a tecnologia quântica da Capgemini, num momento que ficou marcado pelo anúncio de uma parceria com a IBM.
“Assinámos em janeiro um acordo para nos tornarmos efetivamente um IBM Quantum Hub a nível global, através do qual podemos dar acesso aos nossos clientes aos sistemas de computação quântica da IBM”, incluindo o Eagle, o processador de 127 qubits, e o Qiskit, o kit de desenvolvimento de software de informação quântica de código aberto.
“Ao trabalhar com a IBM, a Capgemini junta-se a mais de 170 membros da IBM Quantum Network”, num ecossistema que “trabalha para avançar a computação quântica e explorar aplicações práticas”. Em Portugal, o foco do Q Lab, localizado em Lisboa, é a “área das comunicações seguras com tecnologia quântica e computação multi-entidades privada e segura”.
"A maturidade da tecnologia quântica está em forte aceleração, pelo que urge começar a jornada de adoção da tecnologia”, afirma a responsável, acrescentando que apoiar os clientes nesse processo é uma das missões da submarca do grupo.
“Ouvimos muitas vezes a pergunta: ‘Em que ano a tecnologia quântica estará pronta para exploração comercial?’ Achamos, porém, que a pergunta certa é: ‘Que passos devo tomar para estar preparado para quando a tecnologia quântica estiver em exploração comercial’”, realça Maria da Luz Penedos.
A Capgemini Engineering espera poder revelar mais dados acerca dos investimentos que pretende realizar, assim como das metas para o Q Lab, muito em breve. “Encontramo-nos numa fase inicial, mas vemos este setor como uma das áreas com maior potencial de crescimento nos próximos anos e o investimento estará alinhado com essa previsão”.
No que toca às soluções a serem desenvolvidas pelo Q Lab, Maria da Luz Penedos destaca o foco em duas indústrias, “Life Sciences e Automotive”, para as quais estão a ser preparados “use cases na componente da computação segura distribuída que garante a anonimização e segurança dos dados”.
Outro dos focos passa por explorar e aprofundar os conhecimentos em criptografia post-quantum, de modo a apoiar os clientes “nos desafios de segurança que a própria tecnologia quântica irá trazer”. “Isto porque não existem hoje dúvidas de que a computação quântica tornará todas as formas de encriptação atuais dos dados e das comunicações, totalmente ineficazes e irrelevantes”, afirma.
Como detalha Maria da Luz Penedos, a Capgemini Engineering acredita que “a aposta na construção de ecossistemas de R&D robustos, integrados e abertos” traz “maiores ganhos para todos os intervenientes”, entre especialistas, parceiros, clientes, universidades e outras entidades.
Alinhar esforços e estratégias e partilhar conhecimento entre players é a chave para “um ambiente de R&D mais eficiente” e é esta a filosofia sob qual operam os seus quatro laboratórios, que, além da tecnologia quântica, se centram nas áreas do 5G, media e mobilidade.
O Mobility Lab foi inaugurado em julho, em Vila Nova de Gaia, e conta com uma nova área de investigação e desenvolvimento dedicada a tecnologias de ponta para a mobilidade sustentável e inteligente.
De acordo com a responsável, as metas para o Mobility Lab, de chegar aos 700 postos de trabalho até 2025, além do lançamento de novos produtos, processos e serviços, no âmbito da indústria automóvel automatizada, estão a ser maioritariamente desenvolvidas no contexto do projeto Route 25.
O projeto liderado pela submarca da Capgemini é apoiado pelos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e “pretende contribuir para posicionar Portugal como um país de referência na condução autónoma segura”, enfatiza Maria da Luz Penedos.
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