Precisa de dinheiro para um novo projeto? É melhor pedir aos clientes

As decisões de investimento em startups estão mais ponderadas e mais ligadas a indicadores que possam ajudar a antecipar um futuro de sucesso. Fazer dinheiro com clientes é uma forma de dar nas vistas, garante Tim Darper que já investiu em empresas como SpaceX ou da Twitch.

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O conselho é de Tim Draper, fundador da Draper Associates, e foi partilhado durante o Web Summit. Numa altura em que o surgimento de novos unicórnios está aos níveis de 2020 e o capital disponível para apoiar novos projetos está mais seletivo, mostrar resultados ganhou uma importância que nos últimos anos nem sempre teve, nas decisões dos investidores.

Draper, que já foi um dos tubarões do popular Shark Tank, tem no portfólio investimentos em mais de duas dezenas de unicórnios e em companhias como a Coinbase, Baidu, Tesla, Skype, SpaceX ou Twitch.

No Web Summit aconselhou os empreendedores que estão a lançar novos projetos, a concentrarem esforços na obtenção de resultados, antes de procurarem investidores. “Se querem dinheiro procurem nos vossos clientes e não contem com o venture capital”.

A provocação foi um alerta para as mudanças que a pandemia, a situação geopolítica do mundo e todas as transformações dos últimos dois anos trouxeram para o mercado. Os três oradores na sessão, onde também participou Robby Yung CEO da Animoca Brands e Christine Tsai, CEO da 500 Global, concordaram que o mercado mudou, está mais cauteloso e mais preocupado com resultados que possam tornar menos incerta a probabilidade de sucesso de um projeto.

Admitiu-se no debate que algumas destas mudanças serão transitórias. Outras, mesmo agora, não são uma regra sem exceção - muitas empresas têm mesmo neste contexto avançado para rondas de financiamento que completam com sucesso - e outras ainda podem ter vindo para ficar, como a seleção mais criteriosa de investimentos.

Tim Draper defende ainda que os governos têm um papel importante na gestão de momentos como o atual, em que o mercado retrai a capacidade de investimento. O principal papel, defendeu, é “não fazer asneira”. O excesso de regulação e de mecanismos de controlo da economia, que nos Estados Unidos veio dificultar o acesso ao mercado de capitais (IPO), na Rússia tem como pano de fundo a guerra e na China passa pelo controlo metódico dos cidadãos são exemplos que aponta como entraves à inovação e às dinâmicas normais do mercado.

Houve espaço também para falar das grandes tendências atuais da tecnologia. Tim Draper, conhecido entusiasta da crypto economia, reafirmou a sua fé neste mercado, destacando o impacto da saída dos especuladores deste universo. “Os preços recuaram mas atingiram um valor estável”. O investidor, que já tinha previsto que a bitcoin atingiria um valor de 250 mil dólares, diz que mantém a estimativa, só a adiou por mais seis meses. Acredita que as mulheres, enquanto decisoras de 80% das compras no retalho, vão ter um papel central no futuro das criptomoedas.

Robby Yung aposta todas as fichas na Web 3 e também acredita no potencial do metaverso, mas defende que qualquer previsão a menos de 10 anos para esta área é excessivamente otmista. “Não há metaverso sem Web3”, sublinhou o empresário da indústria de gaming, considerando também que o papel da realidade virtual no metaverso é sobrestimado. “É uma forma de chegar ao metaverso, mas é apenas uma das possíveis”.

O SAPO TEK companhou toda a edição do Web Summit em direto entre os dias 1 e 4 de novembro. Pode ver todas as notícias no Especial Web Summit 2022.

Veja ainda algumas das principais imagens que a equipa do SAPO TEK vai recolhendo por dentro do Web Summit

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