É certo que os adeptos dos clubes e seleções de futebol não dispensam os habituais cachecóis, camisolas e outros itens que são utilizados nos estádios, nos dias das partidas competitivas. Mas a startup portuguesa Splink pretende ir pouco mais além nessa relação entre o adepto e o clube, adicionando uma componente tecnológica: uma série de colecionáveis, baseados numa réplica em miniatura das camisolas oficiais de um clube de futebol ou seleção nacional. Mais que simples bibelôs para colocar em cima de uma secretária ou arrumados numa estante, estes equipamentos têm integração de tecnologia de realidade aumentada.
Assim, além do colecionável físico, inspirado na camisola oficial de um jogador de um clube ou seleção, esses oferecem conteúdos digitais únicos relacionados com o próprio craque que escolheu: fotografias, um tour pelos estádios, o acesso aos balneários, centro de treinos ou mesmo viajar nos autocarros das equipas. Os fãs podem tirar fotografias com os seus jogadores preferidos, usando apenas o smartphone. São conteúdos digitais que ficam armazenados, adicionando uma maior ligação aos ídolos e clubes futebolísticos.
Veja na galeria imagens da coleção MyJERSEY:
A Splink nasceu em 2020, primeiro com o nome My Lads, mas em abril do ano seguinte fez um rebranding para o atual nome. A startup “surge da perceção que no futebol havia uma fraca ligação direta entre os fãs e os seus clubes”, explicou ao SAPO TEK a cofundadora da Splink, Dulce Guarda. Refere que além dos dias de jogo ou alguma data especial, raramente se cria “engagement” com os fãs, numa base diária. “E sendo o futebol um negócio altamente emocional, precisávamos de um produto físico que os fãs realmente gostassem e com o qual pudessem interagir”.
É nesse sentido que nascem as réplicas oficiais das camisolas MyJersey. As camisolas são o produto clubístico que os fãs mais colecionam e as figuras pretendem ser mais pequenas e com um preço mais acessível (entre 17,50 a 19,90 euros). Os produtos podem ser adquiridos no website da empresa, mas também diretamente nas páginas dos clubes associados ao projeto. Nas lojas físicas, a Splink já vende no Marketplace da Worten, mas estará também noutros espaços nacionais e internacionais.
“A nossa estratégia assenta, primeiro, em garantir 100% de implementação no ecossistema das nossas equipas parceiras para, de seguida, ganharmos penetração junto de retalhistas e distribuidores mais generalistas”, explica a cofundadora da startup, pretendendo evoluir passo a passo, de forma a garantir que executa “com excelência a implementação em loja e junto dos nossos clientes”. Pretende puxar pelo “impulso na compra”, mas sem descorar das vantagens na vertente tecnológica associado à realidade aumentada.
Segundo Dulce Guarda, as experiências de portal e da selfie são as funcionalidades de maior interesse para os fãs. “Estamos a trabalhar em experiências para os mais pequenos também, como a da mascote oficial do clube ou, em caso de o clube não ter mascote, outro símbolo do mesmo”. No futuro, a startup está a trabalhar num sistema que vai permitir aos fãs adquirirem a camisola na página oficial do clube, a partir da aplicação. Para já, é possível também aceder às estatísticas do respetivo jogador do colecionável também.
Questionada sobre a possibilidade de expandir a coleção de equipamentos a outras modalidades, Dulce Guarda diz que a empresa já está em processo de negociações: “Há todo um mundo, para além do futebol, com potencial de parceria”. Para já trabalha com diversos clubes de ligas como a espanhola (Atlético de Madrid ou Valência), francesa e inglesa e outras fora da Europa, como o Brasil, Espanha, México ou Qatar. Em Portugal tem os equipamentos do Futebol Clube do Porto, Sporting Clube de Portugal, Sport Lisboa e Benfica, assim como a licença da Federação Portuguesa de Futebol, que lhe dá acesso à Seleção Nacional, que inclui os jogadores atuais e as lendas portuguesas, tais como Luis Figo e Eusébio. Tudo produtos oficiais, devidamente licenciados, segundo a empresa.
Relativamente às receitas da startup, Dulce Guarda disse que 2022 foi um ano de investimento e obteve um volume de negócio residual. “Ainda assim, conseguimos uma faturação na ordem dos 256 mil euros”, projetando para 2023 um objetivo de atingir os 1,5 milhões de euros, considerando a entrada de clubes importantes no seu portfólio.
A empresa foi recentemente colocada entre as 10 startups mais promissores nacionais, pela Startup Portugal. Embora não tenha informação sobre os critérios que levaram a essa classificação, Dulce Guarda assume a satisfação pelo reconhecimento, mas que traz à empresa uma responsabilidade acrescida.
Os colecionáveis MyJersey são também direcionados aos mais novos, pois podem brincar com os itens, mas os colecionadores que desejem colocá-los numa prateleira. A componente tecnológica também pretende ser apelativa aos “early adopters”, mas claro, os adeptos de futebol e apaixonados por tecnologia em geral também são o target do produto.
Numa atualidade em que a tecnologia de blockchain e a criação de conteúdos NFT são tentadores para as organizações, a Splink não pretende passar ao lado. Dulce Guarda confirmou que a empresa está a trabalhar na criação de edições limitadas e raras dos colecionáveis MyJersey e conteúdos NFT. “Já temos previsto o desenvolvimento de MyJERSEYs Retro de alguns clubes portugueses e internacionais”, prevendo o lançamento desta oferta ainda durante este ano.
Os NFTs sempre estiveram nos planos da startup em termos de produto e estão a ser trabalhados dois projetos baseados em blockchain. O primeiro é o comprovativo, de forma certificada, da aquisição do colecionável, associado a NFT. O segundo é um programa de fidelização, que também terá uma componente de gamificação baseado em blockchain.
Para o futuro, a Splink pretende aumentar a gama de produto, adicionando novos colecionáveis e respetivas derivações, procurando como referido, entrar em novos mercados e abranger outros desportos.
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