Os receios de que a entrada dos dez novos países na UE - oficializada amanhã - possa contribuir para o aumento da concorrência no espaço europeu são exagerados, defende a Gartner num estudo recente. Embora algumas empresas se mostrem confiantes com as novas oportunidades de negócio, são também muitas as que receiam ter que enfrentar uma maior concorrência com a entrada dos 10 novos países.



Segundo o estudo, citado pelo CORDIS, são as maiores economias europeias, como a França, Alemanha e Reino Unido, que se mostram mais preocupados com a transferência de oportunidades de emprego e investimento para a Europa de Leste, nomeadamente em áreas de crescimento como as tecnologias de informação e as telecomunicações.



A consultora defende, contudo, que tais receios são sobreestimados. "As alterações têm estado a acontecer e estão muito pouco relacionadas com o alargamento da UE", refere Andrea Di Maio, responsável pelo estudo na Gartner. Especialmente nas TIs, as empresas já tinham começado a mudança das suas operações para países de menor custo, como a China e a Índia.



De forma idêntica, o chamado "nearshoring", que compreende o investimento empresarial em países de baixo-custo mas geograficamente próximos, ou seja em países vizinhos, também já sucedeu. Os países escandinavos, por exemplo, reconheceram que os Estados Bálticos, com uma cultura idêntica, altos níveis de educação e taxa de adopção tecnológica, eram uma oportunidade a não perder.



"Quando o Chipre, a República Checa, a Estónia, a Hungria, a Lituânia, a Letónia, Malta, Polónia, Eslovénia e Eslováquia se juntarem oficialmente à UE no sábado, não se verificará uma grande alteração na forma de fazer negócio na Europa, em vez disso assistir-se-á à mera formalização das transacções que já decorrem", indica Andrea Di Maio.



Aos países candidatos, a consultora deixa o aviso de que os mesmos terão de ser rápidos na especialização de competências, sob pena de perderem oportunidades de investimento para países como a China e a Índia.



Para a Gartner, a Europa, no seu todo, tem ainda um longo caminho a percorrer antes que se torne verdadeiramente competitiva no que diz respeito à criação da Sociedade da Informação. "De facto, a maioria dos países europeus ainda não atingiu o nível de competitividade dos EUA, em termos de desenvolvimento de centros de inovação e investigação e da criação de indústrias de rede", lembra.



Em jeito de conclusão, a consultora considera que o alargamento da UE trará com certeza novas oportunidades ao mercado das TIs, mas que isso não se traduzirá num crescimento imediato. "O crescimento significativo demorará o seu tempo, especialmente considerando o momentum dos rivais asiáticos e a força e experiências dos Estados Unidos".



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