A Nokia foi afastada da liderança do mercado móvel neste primeiro trimestre do ano, avança a agência Reuters, com base nas previsões de um painel de analistas, depois de a empresa ter revisto em baixa a previsão de lucros que já fez baixar o valor das ações e desencadear recomendações de "venda". Teme-se agora que o rating da dívida desça para "lixo".

A posição cimeira da tabela mundial de vendas de telemóveis, que a Nokia ocupava há 14 anos, passa a pertencer à Samsung, que há algum tempo vinha "ameaçando" roubar o reinado à fabricante finlandesa.

Os analistas estimam que a Samsung tenha vendido 88 milhões de unidades entre janeiro e março de 2012, enquanto a Nokia não irá além dos 83 milhões. Os resultados oficiais serão comunicados a 19 abril pela Nokia e 27 de abril pela Samsung.

Embora a Nokia já tivesse sido ultrapassada no segmento dos smartphones, continuava a assegurar a liderança global, graças à forte prestação no mercado dos dispositivos de gama média e baixa, que a gigante coreana se tem esforçado por cobrir também.

As estimativas agora reveladas sobre o desempenho comparativo das fabricantes nos primeiros três meses de 2012 são avançadas numa altura em que a Nokia enfrenta a reação dos mercados à revisão em baixa das previsões que divulgou esta quarta-feira.

As ações da fabricante registaram o valor mais baixo dos últimos 15 anos (com consequentes recomendações de venda) e o custo da proteção contra uma eventual bancarrota da empresa quase triplicou, relatam os jornais económicos.

Investir na dívida da Nokia passou a ser mais arriscado que na dívida de Espanha e os especialistas alertam para a possibilidade do rating da dívida da empresa cair, em breve, para "lixo" ("alto risco").

A Nokia tornou-se a maior fabricante mundial de telemóveis em 1998, roubando a liderança à Motorola, mas tem enfrentado dificuldades nos últimos anos. A incapacidade de se manter acima das concorrentes no que respeita a vendas de dispositivos topo de gama começou depois a refletir-se também na quota de mercado global, onde se incluem todos os tipos de telemóveis vendidos no mundo.

A finlandesa tem adotado diversas estratégia de restruturação, incluindo a mediática parceria com a Microsoft para a área de smartphones, que alegadamente já terá começado a dar frutos. Ainda assim, não estará totalmente "fora de perigo".

Alguns dos analistas contactados pela Reuters afirmam, porém, que embora a perda da liderança do mercado global seja um golpe para a Nokia, deverá ter pouco impacto na sua estratégia para voltar aos ganhos.

"Penso que vai prejudicá-los numa perspetiva de relações públicas, mas na realidade não vai mudar nada. No fim das contas, os problemas continuam a ser os mesmos, caso eles continuem no primeiro lugar da tabela ou passem para o segundo", afirmou a analista da Gartner Carolina Milanes, citada pela agência noticiosa internacional.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes