Apesar dos incentivos existentes, 85 das 308 autarquias existentes em Portugal continuam a não ter presença na Internet, indicam os resultados de um estudo da Universidade do Minho, divulgados na edição de ontem do jornal Público.



A falta de actualização da informação e a quase inexistência de formulários online que evitem aos munícipes uma deslocação aos serviços camarários são alguns dos problemas identificados no estudo, da autoria de Leonel Duarte dos Santos e de Luís Amaral, docentes do departamento de Sistemas de informação da Universidade do Minho.



Com 14 e 18 concelhos, respectivamente, os distritos de Braga e Porto são os únicos com todos os seus municípios na rede. Os autores do estudo justificam o facto com a influência das respectivas universidades, com fortes tradições de formação e de investigação nestes domínios, e grande ligação ao tecido empresarial, económico e social envolventes. Segue-se o distrito de Viana do Castelo com 90 por cento dos seus municípios online na Net, surgindo depois Faro e Leiria, com 88 por cento.



Os distritos onde a presença das câmaras na Internet é mais reduzida são os de Bragança, Vila Real e Coimbra, com respectivamente 25, 50 e 59 por cento. As câmaras das Ilhas estão também entre as menos representadas, quando apenas 17 das 30 autarquias se encontram online.



A nível regional, é no Algarve e no norte que predomina a presença na Internet, com 88 e 79 por cento respectivamente. Já o litoral dispõe de mais sites do que o interior.



Os resultados do estudo realizado durante 2001 demonstram que todas as autarquias do PSD/PP/PPM, PSD/PPM, PP e MPT têm site enquanto os municípios do PS e da CDU se ficam bastante atrás, respectivamente com 76 e 75 por cento.



Utilizando o conceito de maturidade para avaliar a presença dos municípios na rede, os autores do estudo indicam que no nível mais avançado - aquele que apresentaria, por exemplo, pagamentos online - não existia nenhum site. No segundo nível de maturidade que diz respeito ao preenchimento de formulários online ou serviços, estão 2,3 por cento das autarquias, valor correspondente a sete câmaras. No terceiro nível onde se inclui o download de formulários estão 11 por cento das autarquias, o que equivale a 34 câmaras.



Com um serviço meramente informativo, a maioria das câmaras situa-se no quarto nível de maturidade. Estão nesta situação 59 por cento dos sites, num total de 182 municípios. O quinto e último nível corresponde às câmaras que não têm site, 28 por cento do número total existente no país.



A frequência de actualização foi outro factor usado para determinar o grau de maturidade de um site. Na altura em que se realizou o estudo verificava-se que 50 por cento das autarquias mais pequenas (até 10 mil eleitores) não actualizava os seus sites há mais de três meses, média que desceu para 39 por cento, quando consideradas todas as câmaras. Apenas, 24 por cento das autarquias actualizam as suas páginas pelo menos uma vez por semana, indica o estudo.



Apesar de apenas três câmaras não terem correio electrónico, só 37 por cento responderam a uma mensagem que lhes foi enviada pelos autores do trabalho. Aproximadamente metade remeteram-se ao silêncio e 18 por cento das mensagens foram devolvidas.



A nível partidário, o estudo distingue positivamente, pela rapidez da resposta, as autarquias do PP, CDU e do Partido da Terra.



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