Steve Jobs, que desde o início do ano estava temporariamente afastado da presidência executiva da Apple por razões de saúde, anunciou ontem que não voltará a ocupar o cargo. “Sempre disse que se chegasse o dia em que não conseguisse cumprir as minhas tarefas e expetativas enquanto CEO da Apple, seria o primeiro a dizê-lo. Infelizmente, esse dia chegou”.



A comunicação, divulgada ontem à noite nos Estados Unidos, veio acompanhada de uma recomendação para a sucessão que, sem surpresas, recai sobre Tim Cook. Quadro da Apple há 13 anos, é o homem que tem assumido os comandos da empresa nos vários períodos da história recente da Apple em que Steve Jobs se viu obrigado a afastar-se. Ficou também a saber-se que Jobs continua na empresa, a partir de agora como chairman – presidente não executivo.



As opiniões que já podem ouvir-se na imprensa sobre o impacto do afastamento definitivo de Steve Jobs da Apple dividem-se, entre os que consideram que a sucessão não foi mais do que tornar oficial uma situação que já fazia parte do dia-a-dia da empresa: Tim Cook nos comandos a fazer a gestão, com Jobs na retaguarda a assegurar a qualidade dos produtos e a orientar linhas de inovação.
Outros são mais pessimistas e acreditam que se pré-anunciou o fim da Apple e que, a prazo, a empresa não tem condições para manter os elementos que a tornaram distintiva: a inovação e a qualidade dos seus produtos.



Certo é que a preocupação da sucessão na Apple é um tema antigo e que se tem colocado muitas vezes, sempre que Steve Jobs se afastou da empresa. Primeiro a propósito de um cancro no pâncreas, depois para um transplante e desde o início do ano novamente por razões de saúde. Aliás, o valor das ações reage sempre de forma direta à presença ou ausência do gestor, embora desde Janeiro, e com Tim Cook aos comandos, as ações da fabricante tenham valorizado 62 por cento. Ainda há semanas a empresa atingiu um marco histórico ultrapassando o valor da Exxon Mobile, tornando-se na empresa mais valiosa cotada em bolsa.



O estatuto não foi assegurado por mais do que algumas horas, mas a fabricante continua no rasto da petrolífera. Assegura essa condições com um valor de mercado a rondar os 350 mil milhões de dólares. O bom momento financeiro da Apple tem aliás dado azo a todo o tipo de comparações. A empresa tem mais dinheiro em caixa que o Governo norte-americano, vale tanto como os 32 bancos europeus juntos e mais que grande muralha da China. Todos estes são títulos que passaram pela imprensa nos últimos dias e que Jobs talvez tenha aproveitado para anunciar uma decisão inevitável.



Steve Jobs, atualmente com 56 anos, foi fundador da Apple, que teve o seu primeiro momento de glória na história da informática com o lançamento do Apple II. Nos anos 80 foi obrigado pelos acionistas a afastar-se da empresa. Voltou em 1996 e desde aí somou vários sucessos. O primeiro foi em 1998 com o lançamento do iMac, que vendeu 2 milhões de unidades em 12 meses.




Poucos anos mais tarde a empresa deu o salto para o mercado de consumo com o iPod e continuou a marcar uma posição com o iPhone e o iPad, sucessos que mudaram o mercado nas respetivas áreas.



Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico