O último trimestre do ano passado foi o único com valores positivos nas vendas de bens tecnológicos de consumo (BTC). Os smartphones e os eletrodomésticos foram as categorias de produtos que mais “puxaram” pelo mercado, que se manteve marcado pela baixa intenção de gastar por parte dos consumidores em 2023, revela a GfK.
A empresa de estudos de mercado sublinha ainda assim que, em termos gerais, 2023 foi já marcado por uma melhoria das vendas nos segmentos estudados. Também diz que “em Portugal, o mercado de Bens Tecnológicos de Consumo teve um ano muito positivo em 2023, seguindo a tendência de crescimento verificada desde 2013” e acrescenta que “dezembro voltou a ocupar o lugar de mês mais importante do ano, substituindo novembro”.
Voltando aos dados globais, os dados apurados também mostram que as promoções têm um impacto cada vez maior nas receitas do mercado de BTC. “Em 2023, as seis semanas promocionais do ano representaram um terço das vendas, sendo estes momentos um dos fatores de compra por parte dos consumidores”. A Black Friday é o grande destaque, mesmo sem crescimento em 2023.
Por categorias de produtos, no ano que passou registou-se um crescimento das vendas globais em segmentos como o entretenimento em movimento, onde se incluem as máquinas fotográficas digitais (vendas cresceram 13%) e nos auriculares e auscultadores wireless (crescimento de 7%). Em Portugal, os pequenos eletrodomésticos, os produtos de telecomunicações e a fotografia foram as categorias que registaram melhores resultados. Os dados apurados para o país mostram ainda uma quebra nas vendas de eletrónica de consumo e de fotografia (de 4%), para uma receita de 375 milhões de euros. Dentro deste grupo, no entanto, a fotografia foi o único segmento a registar crescimento.
A venda de televisões, por seu lado, registou a maior queda em valor desde 2015 (6%), refletindo a saturação do mercado depois da pandemia, já que esta foi uma das categorias onde as vendas disparam para valores recorde nesse período. Este ano, o europeu de futebol deve ajudar a dinamizar o mercado, assim como o crescente interesse por equipamentos QLED/OLED, pela qualidade do ecrã e o acesso a apps online. Na informática de consumo o ano também foi de quebra nas vendas (9%) em Portugal, com o gaming a ser uma das áreas com prestação mais dinâmica, mas que não chegou para sair do vermelho.
Já no mercado de telecomunicações as vendas cresceram 3% em 2023 no mercado nacional, para receitas totais de 1,1 mil milhões de euros. A comercialização de telemóveis representou 873 milhões desta receita, a crescer 5%. No segmento premium as vendas cresceram ainda mais: 11% para um preço médio dos equipamentos a rondar os 988€, quase três vezes mais que o preço médio de um smartphone regular.
Os dados da GfK, divulgados na conferência anual da empresa, este ano sob o tema “Navegando pelo Universo Tecnológico em Tempos de Volatilidade”, mostram ainda que, em termos gerais, o mercado de Bens Tecnológicos de Consumo já recuperou dos efeitos da pandemia. Face a 2019, fechou o ano a crescer 4%, para receitas de 813 mil milhões de euros, mas nos últimos dois anos estagnou.
O ano de 2024 deverá continuar a ser de estabilização, com as vendas de bens tecnológicos a avançarem apenas 1%. As guerras e tensões geopolíticas vão continuar a influenciar este mercado, inibindo o comércio global e impactando as cadeias de abastecimento. O impacto da inflação também continuará a fazer-se sentir, mas espera-se que já em menor escala.
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