Começou mais uma edição do Web Summit, aquele que promete ser o primeiro grande evento presencial pós-confinamento e talvez um teste para a retoma deste tipo de atividades depois de um ano em que o país (e o mundo) tiveram de se adaptar ao digital. E desde o momento em que se entra no espaço, sobretudo os quatro pavilhões da FIL, o pavilhão Altice Arena e áreas de ligação, sentimos uma sensação de deja-vu, tudo parece igual ao evento de 2019: as entradas, as localizações e até a configuração dos palcos e stands de muitas empresas repetentes. Para quem tem vindo a acompanhar o Web Summit, tudo é bastante familiar, o que em termos práticos, para quem procura despachar-se nos seus compromissos, é muito positivo.
E por ser o primeiro dia do evento, no que diz respeito aos stands e exposições, nota-se a azáfama dos profissionais da organização, tais como os seguranças que pedem não só a pulseira e credencial para entrar no evento, como também o teste ou certificado digital. E ainda há os detetores de metais para ultrapassar, como habitual medida de segurança de acesso ao espaço. Os voluntários moviam-se em grupo, ainda a receber as instruções finais dos seus coordenadores, claramente entusiasmados pelo regresso aos eventos físicos.
Considerando que este é o primeiro evento presencial de grandes proporções, é também um enorme teste à segurança. E nesse aspeto a equipa de Paddy Cosgrave quer ser exemplar, tendo reduzido o limite das pessoas para assistir ao evento para 40 mil. Na primeira volta que o SAPO TEK deu aos pavilhões, encontrou bombeiros, seguranças e várias equipas de técnicos de emergência hospitalar. Uma das duplas que encontrámos já tinha prestado assistência a um senhor de mais idade que se tinha sentido mal. Do seu ponto de vista, "tudo está bem organizado e tem havido muito cuidado, respeito ao distanciamento e uso de máscara”, referiram os técnicos, salientando que a realidade atual também não é a mesma de há alguns meses atrás antes da vacinação, em que era necessário ter mais cuidado nos contactos.
A mesma nota positiva é partilhada por todas as pessoas que encontrámos, desde um dos stands de comida da área da restauração, que também estão a respeitar as medidas de segurança imposta, assim como visitantes e até expositores com quem o SAPO TEK falou.
Existe sobretudo um otimismo renovado para este Web Summit. No caso da restauração, olhando para os anos anteriores é assumido que estão presentes menos pessoas, mas acreditam que “vai ser muito bom em termos de negócio”. Depois de tanto tempo em isolamento, servir um potencial de 40 mil pessoas é visto de forma muito positiva. Pawel Chmielewski e Ozimek Wojciech são visitantes que chegaram da Polónia, e visitam o Web Summit pela primeira vez. Vieram à procura de “inspiração, oportunidades de negócio e possíveis parcerias de trabalho”, referiram ao SAPO TEK. Partilham a ideia de que o evento está muito bem organizado, esperando conhecer muitas startups durante toda a semana de evento.
A organização da Web Summit já partilhou os números oficiais de acesso, contabilizando 42.751 participantes numa edição em que se esgotaram os bilhetes, depois de uma previsão inicial de Paddy Cosgrave de não vender mais do que 10 mil bilhetes. Há uma participação de pessoas oriundas de 128 países e este ano, o número de mulheres ultrapassou os homens.
Mesmo os voluntários, sempre entusiasmados, esperam assistir ao máximo de conferencias possíveis quando não estão em "ação". É a primeira vez que João Paulo está a participar como voluntário, tendo ficado alocado a um palco que lhe interessa muito, de investimento e capitais. O seu trabalho é controlar as entradas das pessoas, mas quer assistir a tudo o que tenha a ver com o investimento de risco. Em termos de segurança, foi instruído apenas para que tenha cuidado. “Esperava mais pessoas, mas tendo em conta a pandemia, estou satisfeito”, salienta.
Talvez por ainda ser o primeiro dia, nota-se que o número mais reduzido de visitantes deu também mais espaço a “respirar”. Em 2019 era impossível circular dois metros sem “esbarrar” em alguém e para já pode-se explorar os pavilhões sem grandes confusões. A única fila que observámos foi, claro, a do café no stand da Delta. Muitos booths de startups ainda estavam vazios e os que estavam a postos ainda não tinham muitos visitantes, aproveitando para empilhar as canetas, chocolates e até Ferreros Roches para atrair os visitantes. Também observámos o uso em geral da máscara, ainda que algumas pessoas circulassem “esquecidas” da sua utilização, mas notámos o segurança a chamar a atenção de uma delas. Já numa segundo volta, havia claramente mais pessoas, muitas que tinham ficado barradas no Metro devido à greve parcial no início da manhã. Ainda assim, bem mais composto, mantém-se a ideia de que há mais espaço para nos movermos.
O SAPO TEK falou ainda com duas startups. A nfon é uma empresa alemã de comunicações por cloud que está em Portugal há um ano e pela primeira vez no Web Summit. Disse-nos que a organização do evento estava a ser boa até então e tem boas expetativas para o evento, com o objetivo de se darem a conhecer o seu produto e se possível estabelecer alguma parceria. A outra startup é a Youship, de Coimbra, uma plataforma de entregas rápidas que veio apresentar o seu novo robot-estafeta. Deu o exemplo de como este pode ser usado tanto no espaço como a FIL em eventos da dimensão do Web Summit para entregar autonomamente encomendas, assim como na rua, acreditando ser mais seguro do que quando feito por estafetas humanos. Pode entregar num raio de 3 ou 4 quilómetros. A empresa, que já esteve presente em anos anteriores na Web Summit, disse ao SAPO TEK que vê com boas expetativas a edição deste ano, mesmo com menos pessoas. “É extremamente boa esta edição física depois de uma pandemia, sendo o começo da retoma aos eventos”.
Os palcos com as pequenas conferências estavam bem compostos, ainda que contrastassem com as bancas das startups a "meio-gás". Apesar de uma redução de público há um aspeto comum a todos os participantes, seja do lado das empresas, organização e visitantes: todos querem que seja mais um sucesso, mas respeitando as normas de segurança.
Veja as imagens captadas pela equipa do SAPO TEK que dão uma perspetiva por dentro do Web Summit
4 dias de agenda cheia
Este é só o início do Web Summit, e de uma agenda cheia. No SAPO TEK, já tínhamos dado a conhecer 10 oradores que vale a pena ouvir no Web Summit 2021 e para ajudar a compor a sua agenda para o evento, destacamos ainda algumas das talks que deve apontar no calendário, e que poderá também consultar ao detalhe no website do Web Summit, ou na própria aplicação do evento.
Clique nas imagens para conhecer algumas talks que vale a pena acompanhar no Web Summit 2021
Dia 2 de novembro
- Move fast and fix things: Creating a building code for the Internet
- Palco Pandaconf – 15h05
Christopher Wylie, “whistleblower” do Facebook no polémico caso Cambrige Analytica e agora responsável pelo departamento de tecnologias emergentes da H&M, sobe ao palco para uma conversa acerca da regulação da Internet. O mundo online não tem de ser um local “assustador” e o responsável defende que as atuais abordagens de regulação das tecnologias poderão não funcionar no futuro, apelando a uma mudança para evitar desastres.
- Empowering the next generation of women leaders
- Palco Central – 16h05
Fora dos ecrãs, a atriz e comediante Amy Poehler tem vindo a trabalhar para ajudar jovens mulheres a tornarem-se líderes e, nesta sessão marcada no palco central do Web Summit, dará a conhecer mais sobre a forma como podemos dar mais poder às gerações futuras.
- The everywhere cloud
- Palco Central – 16h35
Ao longo dos últimos anos, a Cloud mudou significativamente o mundo em que vivemos. Nesta sessão, Werner Vogels, CTO da Amazon, apresenta o exemplo da AWS, detalhando a forma como evoluiu ao longo do tempo, começando por operar apenas alguns serviços em certas regiões e passando a levar a tecnologia na “nuvem” a quase todos os cantos do mundo.
Dia 3 de novembro
- European Startups Nations Alliance: Official launch
- Palco Central – 11h00
O lançamento oficial da European Startups Nations Alliance (ESNA) está em destaque no palco central do Web Summit, numa sessão liderada por Pedro Siza Vieira, Ministro da Economia. Apresentada neste ano, a ESNA, onde Portugal apresenta um papel de destaque, afirma-se como um passo essencial para tornar o ecossistema europeu de empreendedorismo mais competitivo.
- How can we achieve digital equality across the world?
- Palco Central - 12h35
A pandemia de COVID-19 pôs a “nu” as disparidades que existem no mundo, incluindo no acesso ao digital, que se tornou numa ferramenta fundamental para manter a vida a funcional no “novo normal”. Será possível atingir uma maior equidade digital entre países? É esta a pergunta a que Brad Smith, presidente da Microsoft, se propõe a responder nesta sessão.
- Welcome to the metaverse
- Dia 3 de novembro – Palco Central – 14h35
O desenvolvimento do metaverso é um dos novos objetivos do Facebook, que, ainda na semana passada mudou de identidade, passando a chamar-se Meta, refletindo os seus novos propósitos. Nesta sessão, Chris Cox, CTO da empresa, dará a conhecer um pouco mais do que podemos esperar do metaverso e sobre a forma como promete transformar as nossas vidas.
Dia 4 de novembro
- What will it take for Europe to dominate the next decade of tech?
- Palco Startup University – 11h15
Estaremos a entrar na época áurea da tecnologia europeia? Embora a Europa tenha apenas um décimo de todos os “unicórnios”, com as empresas dos Estados Unidos e China a liderarem nesta categoria, há potencial para ter um papel ainda mais relevante no ecossistema tecnológico global. Nesta sessão, António Dias Martins, CEO da Startup Portugal, e Kat Borlongan, Founding Member da Scale-Up Europe, darão a conhecer o que será necessário para a Europa atingir o seu potencial.
- How a plant-based diet can fight climate change
- Palco Central – 15h20
A sustentabilidade e a luta contra as alterações climáticas também fazem parte das temáticas em debate no Web Summit 2021. Patrick Brown, CEO da Impossible Foods, sobe ao palco central para uma sessão acerca da forma como a redução do consumo de produtos animais e a escolha de uma alimentação à base de plantas pode ser uma das formas mais poderosas de pôr um travão nas alterações climáticas.
- Catalysing the next era of the web: A call to action
- Palco Central – 16h10
O “pai” da World Wide Web está de regresso ao Web Summit para uma sessão centrada no uso desregrado de dados. Acompanhado por John Bruce, CEO e cofundador da Inrupt, Tim Berners-Lee, também cofundador e CTO da empresa, deixará um apelo aos governantes um pouco por todo o mundo, focando-se na forma como será possível catalisar a próxima era da web.
Deixe também na caixa de comentários outras sugestões e acompanhe o trabalho do SAPO TEK no Web Summit através do dossier dedicado à conferência.
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