Anteriormente conhecido como Oculus Connect, agora batizado de Facebook Connect, o evento anual dá a conhecer as novidades da empresa de Mark Zuckerberg no que diz respeito a equipamentos e serviços de realidade virtual. A edição deste ano tem um interesse acrescido, em primeiro por todo o ambiente negativo em torno do Facebook Papers, sobre os documentos que foram expostos que mostram as falhas na moderação de conteúdo e as práticas da empresa na proteção de menores, sobretudo depois de Frances Haugen testemunhar no senado dos Estados Unidos, a famosa “whistleblower” que desencadeou a investigação.
Mas a segunda grande questão do evento, que poderá colocar em segundo plano o habitual entusiasmo sobe os novos headsets de realidade virtual da empresa é a eventualidade de rebranding do Facebook. Mark Zuckerberg já tinha levantado a ponta do véu que a empresa poderia mesmo mudar de nome. Ou seja, Facebook passaria a ser apenas o nome da rede social incluída na nova marca, juntamente com o WhatsApp e Instagram. Um pouco como o Google que criou a Alphabet como marca agregadora de todas as empresas do grupo. E foi isso mesmo que aconteceu, o Facebook, empresa-mãe e agregadora de todas as redes sociais que conhecemos, passa a ser agora conhecida como Meta.
Mas para chegar ao nome Meta, Mark Zuckerberg passou 1h30 a explicar o que é o seu metaverso, de onde retirou o nome para a empresa-mãe. O metaverso passa a ser assim mais uma ramificação da empresa, ligada ao segmento de realidade virtual, juntamente com as suas redes sociais e outras empresas.
Veja imagens do evento na galeria:
Mark Zuckerberg começou o evento com uma mensagem sobre um futuro risonho, um futuro que queremos e que o dono do Facebook vai colocar todo o seu esforço em torná-lo uma realidade. Mas que futuro é esse? O Metaverse, claro. O dono do Facebook quer dar as ferramentas e capacidade aos utilizadores de se expressarem no mundo, dando o exemplo do vídeo como meio atual. A próxima plataforma será mais imersiva, com mais experiências que é aquilo que a empresa chama de Metaverse, para interagir, estudar e fazer atividades num mundo à parte. Mark Zuckerberg acredita que o Metaverse é o passo seguinte da internet mobile. Já não será olhar para uma pequena janela de um equipamento, mas ter contacto visual e interação. Em vez de olhar para o ecrã será viver as experiências, de forma mais natural. "Não se trata de estar mais tempo à frente do ecrã, mas mais imersivo".
O METAverso do Facebook
Já existem alguns blocos na construção do metaverse, mas ainda faltam algumas peças, diz o líder da empresa. Para já alguns exemplos de como podemos experienciar o metaverse: conectar-se com as pessoas. Num exemplo, o líder criou um avatar virtual, entrando num mundo virtual onde outras pessoas criarem os seus avatares, fossem um robot ou uma personagem afetada por gravidade zero. Fazere uma chamada neste mundo é puxar de um ecrã virtual. Depois tudo pode acontecer, visitar paisagens, e nas chamadas externas, no mundo real, aparece o avatar e não a pessoa em si.
"vai mesmo sentir os sentimentos e olhares das pessoas, como se estivéssemos presentes pessoalmente", para tal é preciso criar o avatar, seja animado para interagir com amigos, ou real se for para trabalhar. A ideia é criar um avatar para partilhar entre as aplicações. Mas tudo começa na casa virtual do utilizador, onde pode convidar os seus amigos ou criar um espaço para trabalhar. Há diferentes espaços, sejam jogos ou outros, em que se podem teleportar. E fazer isso é como clicar num endereço de internet, ao clicar terá acesso ao espaço. E os objetos que vai colecionando, vai ficando disponível em todas as aplicações. E Mark Zuckerberg não se refere aos objetos em NFT que estão na moda. Será possível trazer os objetos da realidade para o virtual, desde imagens, vídeos, músicas, e promete no futuro criar mesmo hologramas, na vida real desses objetos virtuais.
A ideia é os utilizadores criarem este mundo, os seus espaços e interligar. O Horizon Home é a primeira coisa que vai ver quando ligar o headset de realidade virtual Quest. Este espaço vai funcionar como uma rede social, interligando pessoas. Depois crescerá para o Horizon Worlds, um mundo que está em beta desde o ano passado. E o Horizon Colaboration que é um espaço para trabalhar. O Messenger ganha uma versão de realidade virtual, para poder fazer chamadas a amigos, dentro deste espaço virtual.
E até concertos se podem assistir neste metaverse, seja presencialmente, ou através de avatares, sem sair da sala de estar claro. Chama-se Horizon Afterparty e parece um lobby virtual onde vai "beber um copo" com amigos. Pode mudar as roupas, comprar merchandising virtual e até as músicas que vai ouvir no espaço. Isso dará uma oportunidade dos criadores se ligarem a novas audiências. E os objetos virtuais vão reagir aos movimentos e interações dos utilizadores.
Há ainda um marketplace para os criadores partilharem os seus objetos 3D, visto que são os criadores e utilizadores que vão criar e dar sentido a este metaverse, diz o dono do Facebook. O gaming não foi esquecido neste metaverse, dando o exemplo de jogar "os jogos clássicos" de uma nova visão, como um simples xadrez virtual, com pessoas em zonas diferentes do planeta. O pingue-pongue foi outro exemplo dado, misturando jogadores reais com avatares, a partilharem o mesmo espaço. Mais radical, Zuckerberg preferiu apanhar uma onda, surfando neste mundo virtual.
Os jogos "live service" vão tirar partido do metaverse, jogos em constante evolução, com muito conteúdo, como por exemplo Beat Saber, um dos melhores jogos de realidade virtual lançados. Population One tornou-se um dos jogos mais jogados do Quest, um battle real criado para realidade virtual. Estão prometidos mais conteúdos. O segmento seguinte foi uma partilha de traileres de jogos que vão chegar ao marketplace do Oculus Quest, incluindo GTA San Andreas, recriado para realidade virtual.
O fitness é outra área importante do metaverse, ou melhor, da realidade virtual. Será possível jogar entre diferentes jogadores uma partida de boxe, em que tem realmente de se esforçar fisicamente ou contra rivais virtuais. Foi também apresentado partidas de basquetebol, esgrima ou bicicletas de ginástica, misturando realidade com o virtual.
No que diz respeito ao trabalho, o Facebook considera que o teletrabalho veio para ficar para muita gente. Por isso, pode criar um espaço no metaverse, um local de trabalho virtual, onde se pode partilhar o trabalho, fazer reuniões, esteja onde estiver. O Facebook vai continuar a lançar conteúdos para personalizar as salas de trabalho, mas também aplicações e serviços de internet, como as redes socias. Em breve vai ser possível testar o Facebook dentro do metaverse. "Estou genuinamente entusiasmado por trazer o trabalho remoto para o metaverse", diz o patrão da empresa. Para si, esta mudança vai ser muito positiva para todos, assim como para o ambiente, pois poupa-se nas viagens.
O ensino será também beneficiado do metaverse, usando apps de medicina para simular operações e tarefas para praticar em realidade virtual. Até o conhecido David Attenborough vai dar lições sobre a natureza no seu espaço de metaverse.
Para levar o metaverse a mais público, a empresa quer continuar a baixar os preços dos headsets, mas também expandir ao PC a sua loja e elementos deste universo paralelo. Espera assim mudar o paradigma dos negócios, muitos deles que ainda não sabem o seu potencial. Foi dado o exemplo de não se poder atualmente comprar uma roupa virtual para um avatar, mas deixar o conteúdo trancado no jogo ou app. É como se comprasse a camisola do Cristiano Ronaldo e só a pudesse usar no seu estádio, compara a empresa. Os utilizadores vão criar os seus avatares mas podem ser usados entre diversos locais virtuais.
Os NFTs não vão ficar de fora, certificando que os criadores criem itens únicos que possam ser vendidos a outros utilizadores. E muitos objetos podem ter versões virtuais ou reais que os utilizadores podem escolher.
Do lado dos programadores, estão a ser feitas experiências virtuais que ajudam os utilizadores, tais como projeções para ensinar a tocar piano ou criar versões 3D de posts do Instagram, por exemplo. Também as simples experiências de realidade aumentada, como as máscaras e efeitos para as fotografias ou vídeos, são cada vez mais utilizadas pelos utilizadores e que vai ser expandido no metaverse.
Mark Zuckerberg tocou também no assunto da privacidade e que o metaverse tem de ser criado, desde o primeiro dia, com tudo isto em mente. A empresa não deseja surpreender ninguém, ser o mais transparente possível. Oferecer os controlos parentais e outras ferramentas para as melhores práticas e inclusão no uso de realidades imersivas do metaverse.
E qual é o futuro do hardware? Eis os novos produtos para se ligar ao metaverse
No próximo ano vai ser lançado o Project Cambria, compatível com o Oculus Quest. Trata-se de um periférico que permite captar os sentidos e todos os detalhes faciais das pessoas, tais como óculos, barbas, mas também o tom de pele e traduzi-los nos respetivos avatares digitais no metaverse. O periférico vai permitir ainda escrever ou tomar notas em realidade virtual, sem retirar os óculos. Basicamente o periférico vai servir de ponte entre elementos da realidade para o virtual.
Também está a trabalhar em realidade através de óculos de ver. Os seus primeiros óculos Rayban permitem aceder a chamadas ou ver mensagens. Mas a empresa está a trabalhar num modelo para criar verdadeiras experiências de realidade aumentada em óculos reais, com o Projeto Nazare.
Uma ideia sobre os avatares é a criação de "alter-egos" virtuais onde as pessoas podem mudar aspetos físicos, que se calhar não podem ou não querem fazer na realidade, sejam tatuagens ou mesmo uma pessoa calva ter cabelo na sua versão virtual. Outro aspeto interessante é a interação com objetos na realidade serem captados no virtual, com grande aproximação de realismo. Este pode ser o próximo passo na captura de elementos a substituir os elementos feitos em CGI.
A inteligência artificial também vai fazer parte desta equação, contextualizando as ações e ajudando a encontrar e a ligar os objetos reais com os virtuais. Ao sentar-se no sofá com os óculos postos e olhar para a televisão, o sistema reconhece que quer acender o equipamento. Da mesma forma que pode ajudar os óculos, através de inputs de voz, para encontrar objetos na casa, por exemplo.
Para o metaverse, Mark Zuckerberg finalizou o evento com o anúncio do próprio próximo capítulo para o Facebook. Hoje são vistos como uma rede social e o metaverse é a próxima paragem. "O Facebook nasceu numa época específica, da internet", dando assim o mote para criar uma nova identidade. O metaverse é dado como uma oportunidade para mudar esse paradigma, de colocar as pessoas no centro da sua tecnologia, e não no centro das apps como tem sido até agora. "Tenho pensado muito na próxima fase da nossa identidade. E os nomes que temos atualmente não incorporam tudo o que estamos a fazer. Tudo está ligado a um produto [Facebook] que nos impede de espelhar tudo o que estamos a fazer", disse o patrão do Facebook, ou melhor Meta.
Adeus Facebook. Olá Meta
Facebook passa a ser assim chamado Meta. A palavra grega significa "atrás de", representando a sua posição daquilo que a empresa está a construir. No início da semana, o Facebook, ou melhor o Meta, apresentou os seus resultados fiscais referindo que seria a última vez que iria assumir-se com o nome atual. Mark Zuckerberg reforçou ainda que, a começar no quarto trimestre, vai implementar um novo formato de apresentação de contas, separadas em dois segmentos: A família de Apps que inclui o Facebook, o Instagram, Messenger, WhatsApp e outros serviços. E o Facebook Reality Labs, que inclui tudo o que diz respeito a realidade virtual e aumentada de consumo, incluindo hardware, software e conteúdos, ou seja, o seu novo metaverso.
Para eliminar as dúvidas, o Facebook, a rede social tal como a conhecemos hoje, mantém o mesmo nome. O Facebook, empresa-mãe de todo o ecossistema é que mudou de nome, passando a chamar-se Meta.
Nota de redação: Notícia atualizada com mais informação. Última atualização 19h44.
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