As Redes de Nova Geração (NGNs) só serão um investimento economicamente viável para 20% dos lares portugueses, situados nos grandes centros urbanos, e mesmo para estes é necessário criar um enquadramento regulatório que permita a partilha de infra-estruturas, defende um estudo hoje apresentado pela Apritel, a Associação de operadores de telecomunicações.

A análise à viabilidade económica dos investimentos em NGNs foi feita pela WIK Consult, uma empresa alemã de consultadoria de mercado que analisou seis países a pedido da ECTA, a associação europeia na qual a Apritel está também integrada.

De acordo com as conclusões do estudo, sem regulação a criação de redes de fibra concorrentes só é economicamente viável para menos de 4% da população que reside nas zonas de maior densidade populacional.

Para as zonas suburbanas menos densas e o interior do país, que corresponde a cerca de 60% da população, o estudo indica a necessidade de "incentivos específicos" para que estas áreas sejam cobertas com banda larga de boa velocidade.

"Se as autoridade não actuarem, teremos redes ultra-rápidas de informação disponíveis, no máximo, a 20 a 30% da nossa população. Também não pode ser a estes 20% ou 30% da população que vamos pedir um esforço para financiar RdNG [Redes de Nova Geração] para os outros 70% a 80%; os preços a praticar tornariam os serviços inatractivos", afirma Luis Reis, presidente da Apritel. Para Luis Reis a resposta é uma política para o desenvolvimento da Sociedade da Informação que viabilize o investimento mesmo nas zonas comercialmente menos interessantes.

Quanto ao tipo de subsídios que poderiam ser criados, Luis Reis defende que existem várias formas de subsidiar as redes de nova geração e que "a ausência de uma política clara para a NGNs é talvez a melhor forma de subsidiar o investimento do incumbente e criar um novo monopólio", avisa.

A Apritel tem vindo a defender que é preciso que a Anacom e o Governo clarifiquem o modelo regulatório que será imposto às Redes de Nova Geração. "Não estamos a pedir regulação, mas transparência e clarificação do formato regulatório", esclarece Luis Reis.

A duplicação de investimentos de vários operadores com a criação de várias Redes de Nova Geração é também considerada uma estratégia a evitar, sendo o modelo defendido o de partilha de acesso a uma rede única de fibra, a separação funcional ou o investimento em consórcio.

Este estudo vem cimentar algumas das ideias já transmitidas anteriormente pela associação, embora para Luis Reis tenha uma revelação surpreendente, que é mostrar que o modelo de abertura de uma rede de nova geração, criada pelo incumbente, pode melhorar o seu cenário de negócio e minorar o risco, uma questão que Karl-Heinz Neumann, da WIT Consulting, considera especialmente importante para Portugal.

Tecnologias para NGNs
Entre as várias tecnologias possíveis para a criação das NGNs, o estudo mostra que em Portugal o vDSL é a melhor alternativa. Assentando num misto de infra-estrutura de cobre e de fibra o vDSL permite velocidades até 50 Mbps que podem chegar aos subúrbios das grandes cidades, sendo economicamente viável para 39% da população portuguesa, enquanto a fibra só é viável para 19,2%.

De acordo com a análise da WIT o investimento em tecnologia FTTH - Fiber To The Home (ou fibra até à casa do cliente) é cinco vezes superior ao investimento necessário em vDSL. O estudo do custo das várias tecnologias até casa dos cliente foi feito para os seis países analisados (Alemanha, França, Itália, Espanha, Suécia e Portugal) e enquanto a instalação da tecnologia de Fibra até casa em redes partilhadas custaria 1.548 euros por lar, o vDSL custaria apenas 218 euros.

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Em alguns países, como a França e a Alemanha o investimento é ainda mais elevado.