O cabo submarino do sul de Timor-Leste (CSSTL) envolve uma ligação de cerca de 600 quilómetros, a partir de um cabo existente a norte da Austrália e que segue para nordeste, contorna a ilha de Timor, ao longo da costa norte até Díli.
Quando esta instalação estiver concluída, num prazo até 19 meses, vai permitir uma melhoria significativa na qualidade de acesso à internet em Timor-Leste e reduzir também custos, atualmente dos mais elevados do mundo, por ser feita quase exclusivamente por satélite.
"Hoje abrimos a porta para que Timor-Leste possa aceder a este setor da economia, almejando poder beneficiar deste enorme retorno financeiro e da criação de oportunidades de emprego para os timorenses", disse o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak.
"O acesso a ligações digitais por fibra ótica não é só uma oportunidade económica para Timor-Leste, o seu caráter estratégico está na sua capacidade transformadora para o país e para a sociedade", disse.
Taur Matan Ruak afirmou que "a garantia de acesso à internet por todos os timorenses não se esgota na possibilidade de captar internet em todo o território, mas sobretudo na diminuição do custo desse aceso, permitindo que todos os timorenses independentemente da sua classe social possam aceder à internet".
Trata-se de um "marco histórico" num projeto que começou a ser desenvolvido em 2015 e que "permitirá acesso de alta qualidade à internet por todos os timorenses, com mais rapidez, estabilidade e segurança", referiu.
"Desejamos através das ligações digitais, permitir o acesso de todos os timorenses, aos melhores sistemas de educação do mundo cujas repercussões positivas alcançarão não somente na formação dos nossos jovens, na atualização de conhecimentos dos nossos profissionais, mas também no setor da saúde, através de formações, de modo a auxiliar os nossos profissionais com a telemedicina", destacou.
Objetivos que são "fins públicos" e que justificam que, independentemente de outros investimentos privados nesta área, "o Estado tenha a necessidade de ter uma ligação própria que garanta sempre estes fins", sublinhou. O contrato foi assinado pelo vice-primeiro-ministro e ministro do Plano e Ordenamento, José Reis, e pelos ministros das Finanças, Rui Gomes, Coordenador dos Assuntos Económicos, Joaquim Amaral, e dos Transportes e Comunicações, José Agustinho da Silva.
A chegada do cabo a Timor-Leste exige agora outras ligações nacionais e internacionais, garantindo redundâncias no sistema, esforços para garantir a cibersegurança dos cidadãos e formação adicional de recursos humanos nesta área.
Integrado nos programas de sucessivos Governos, o projeto foi finalizado por uma comissão interministerial presidida por José Reis, que destacou a importância do projeto para a economia nacional.
A concretização do projeto vai permitir um acesso rápido e mais barato à internet em Timor-Leste, ajudando a combater o isolamento que ainda se vive nesta área no país e nas ligações com o exterior, frisou. Ao mesmo tempo, vai permitir "dar uma resposta mais eficaz do sistema educativo", considerou.
José Reis explicou que enquanto decorre a instalação o Governo vai continuar a trabalhar no desenvolvimento do modelo de gestão, operacionalização e manutenção da ligação submarina, processo que envolverá a criação de uma empresa pública e a preparação de estação de aterragem do cabo.
Financiado totalmente por Timor-Leste, o desenvolvimento do CSSTL contou com o apoio técnico do Governo australiano, particularmente na fase de engenharia e desenho. A conexão assenta numa proposta apresentada pelo Vocus Group, a quarta maior empresa de telecomunicações australiana, que esteve em Timor-Leste em março de 2019 a apresentar alternativas e cenários ao atual Governo.
De acordo com a empresa australiana, os operadores em Timor-Leste gastam 12 milhões de dólares (10,1 milhões de euros) por ano na compra de acesso à rede internacional através de satélite, com esse valor a ser multiplicado depois nos custos para os clientes, que têm velocidades lentas e instáveis.
A rede Vocus inclui, entre outros, um cabo que liga a cidade australiana de Perth a Singapura e um outro entre aquele e Port Heldand (noroeste da Austrália), e continua depois até Darwin, passando ao lado da fronteira no mar de Timor. A partir daquele último, North Western Cable System (NWCS), seria possível uma ligação por cabo submarino, de 250 quilómetros, até ao sul de Timor-Leste.
O representante da ASN, Craig Carter agradeceu "a confiança" na empresa, que instalou mais de 700 mil quilómetros de cabo em todo o mundo, desde o primeiro, em 1840, entre a França e os Estados Unidos aos dez sistemas no Sudeste Asiático na última década.
"Esta é uma relação a longo prazo para nós. Os benefícios económicos da melhoria dos serviços de internet são reconhecidos em vários setores, da educação à agricultura, da saúde a novas oportunidades de emprego, mais turismo e melhoria nos serviços financeiros", disse.
O embaixador da Austrália em Díli, Bill Costello, considerou a assinatura "um bom dia na cooperação entre os dois países" e o novo cabo um "elemento crucial da infraestrutura de Timor-Leste", contribuindo "para o crescimento económico e desenvolvimento nacional".
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