Os “apagões” de Internet, assim como de outros serviços de telecomunicações, são a mais recente arma no conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. 

Para lá da destruição de infraestruturas, causada por ataques e bombardeamentos, ainda no final de outubro, Israel terá alegadamente imposto um bloqueio total no acesso à Internet no território durante 34 horas, à medida que as suas tropas entravam na Faixa de Gaza.

Embora o acesso tenha sido eventualmente restaurado, se bem que abaixo do habitual padrão de conectividade, o território foi afetado por mais dois “apagões”, com o mais recente a durar cerca de 15 horas no último domingo.

Para já, investigadores e especialistas da área da tecnologia não conseguem dizer com toda a certeza se Israel foi responsável pelos “apagões”, mas a relativa rapidez com que o acesso à Internet é restaurado leva a crer que estes bloqueios são intencionais, avança o website Wired.

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O conjunto de operadoras de telecomunicações que operam na Faixa de Gaza depende significativamente da infraestrutura israelita para conseguir ligar quem habita no território à Internet. Desde o início do conflito que muitos dos escritórios destas operadoras foram destruídos, além de cabos e torres de telecomunicações.

Novas imagens de satélite mostram a extensão dos bombardeamentos de Israel na Faixa de Gaza
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Segundo relatos de quem vive em Gaza, a maioria dos serviços de internet está em baixo e embora as operadoras ainda consigam disponibilizar serviços 2G, estas ligações estão muito congestionadas.

Dados avançados recentemente pelo Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, estima-se que 65% dos lares e negócios na Faixa de Gaza tenham perdido acesso à Internet e que metade das redes tenham sido destruídas.

A Paltel é a maior operadora palestiniana que, no início de novembro, anunciou que houve um corte total das linhas telefónicas e de internet na Faixa de Gaza. A operadora alega que os três “apagões” registrados nas últimas semanas foram causados por Israel.

A par da Paltel, também o Ministério das Comunicações e Tecnologias de Informação da Palestina alega que as redes do território estão a ser alvo de ataques direcionados e sistemáticos por parte de Israel.

Embora as forças de defesa israelitas ainda não tenham comentado publicamente o assunto, uma atualização do Ministérios das Comunicações de Israel acerca do conflito, publicada a 17 de outubro, incluía entre os planos uma análise e preparação para o encerramento de serviços de comunicação e Internet em Gaza.

Recorde-se que os bloqueios à Internet causados por Governos estão a tornar-se uma ocorrência cada vez mais frequente. Segundo dados da Internet Societysó na primeira metade deste ano foram registados mais de 30 casos de “apagões” de Internet causados por Governos em 15 países, com um total de quase 1.000 dias de disrupções.