Um dia antes do prazo concedido pelas autoridades indianas à canadiana RIM, a fabricante e o governo daquele país asiático chegaram a um entendimento, sobre o acesso aos dados resultantes de alguns serviços asseguradas via Blackberry.



O ministro indiano dos assuntos internos admitiu hoje que a RIM terá apresentado uma proposta, que vai de encontro às exigências do governo, que quer garantir o acesso das suas agências de informação a dados resultantes das comunicações efectuadas através dos dispositivos da marca.



Recorde-se que o governo indiano tinha feito um ultimato aos operadores móveis que suportam serviços da gama Blackberry. Até 31 de Agosto as agências governamentais de segurança teriam de garantir acesso aos servidores de correio da fabricante e à aplicação de mensagens instantâneas. Caso contrário, os serviços em questão seriam bloqueados.



Para já, as sanções não avançam, mas o governo ainda não afastou a hipótese. Garante que irá, desde já, pôr em prática a proposta da fabricante e verificar se o sistema de routing proposto cumpre os requisitos e permite o acesso às informações necessárias - algo que a RIM vinha alegando ser tecnicamente impossível. Daqui a 60 dias a situação será reavaliada, mantendo-se, para já, a possibilidade de bloqueio aos serviços, depois dessa altura.



A RIM conta actualmente com cerca de um milhão de utilizadores na Índia o que, segundo vários especialistas, tornaria difícil para o governo indiano a imposição de medidas que banissem a utilização de serviços associados aos equipamentos da fabricante no país.



O braço de ferro mesmo assim aconteceu, com uma posição firme do governo indiano, alegadamente por questões de segurança. O país foi vitima de um ataque terrorista organizado com recurso a tecnologias móveis e de satélite e fazendo uso de alguns dos mais populares serviços de Internet.



No rescaldo do atentado em Mumbai, em Novembro de 2008, o executivo criou regras mais apertadas para monitorizar eventuais movimentos suspeitos e coloca a questão com a RIM ao nível da segurança nacional do país.



As autoridades alegam que o sistema de encriptação de informação usado pela RIM garante um anonimato, que pode servir para esconder novos planos de grupos rebeldes e exigem acesso em tempo real a esta informação.



A RIM não é a única visada pelo pedido, que também foi endereçado à Nokia, que aceitou e anunciou estar a prever para Novembro a instalação de um servidor no país, para garantir o acesso necessário aos dados exigidos.



Com a resolução à vista do diferendo com o governo indiano a RIM tem ainda de se preocupar com os governos da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Indonésia e Líbano, que também pedem medidas idênticas à empresa, em alguns casos já aceites.



Na Índia as próximas visadas por medidas do mesmo género podem ser a Google e o Skype, que as autoridades já admitiram motivo de preocupação, estas ainda não foram, no entanto, formalmente notificadas.