O Canadá juntou-se ao leque de países que decidiu bloquear a venda e utilização de equipamentos da Huawei e da ZTE localmente, por considerarem que a tecnologia das empresas chinesas representa uma ameaça para a segurança nacional.

Os operadores de telecomunicações do país vão deixar de poder adquirir equipamentos de rede das duas empresas e terão de remover os que tiverem instalados nos próximos cinco anos. A medida era esperada e como tal a maioria dos operadores locais já não recorre à Huawei como fornecedor de tecnologia para o 5G, mas a tecnologia chinesa ainda tem um peso importante nas redes 4G que, em muitos casos, estão interligadas com as novas infraestruturas 5G.

Segundo a imprensa internacional, são exemplos disto a Bell e a Telus, duas das maiores operadoras locais, que já partiram para o 5G, em 2020, a trabalhar apenas como a Ericsson e a Nokia. Ambas estarão também, no entanto, na posição de outros operadores em relação ao 4G, com tecnologia Huawei e ZTE a suportar as respetivas infraestruturas, ou não fossem ambas as maiores clientes da Huawei no Canadá e as responsáveis pela maior parte das vendas de 700 milhões de dólares que a companhia chinesa fez nos país desde 2018.

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Ao contrário do que está a acontecer nos Estados Unidos, onde foi criado um fundo para ajudar os operadores a suportarem os custos da transição, no Canadá aparentemente isso não vai acontecer, segundo informação já avançada por alguns operadores.

As empresas terão de cumprir a decisão até 28 de junho de 2024, no que se refere aos equipamentos 5G, têm mais algum tempo para eliminar equipamentos das marcas chinesas das suas redes 4G. Aí o deadline fixado vai até final de 2027. Mas num caso e noutro não se perspetivam ajudas.

Na declaração oficial sobre o assunto também não há pistas em contrário. "O nosso governo protegerá sempre a segurança dos canadianos e tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar as nossas infraestruturas críticas de telecomunicações", refere uma declaração do ministro da inovação canadiano, François-Philippe Champagne, no comunicado de imprensa divulgado a propósito.

A Huawei também já comentou o assunto, sublinhando que está desiludida, mas não surpreendida com a decisão e o porta-voz da empresa até admite que a companhia estranha a decisão não ter sido tomada mais cedo. Considera-a uma “decisão política que resulta de pressão política principalmente por parte dos Estados Unidos”, sublinhou Alykhan Velshi, em declarações ao The Guardian.

Recorde-se que os outros quatro países que com o Canadá integram uma aliança de cooperação dos serviços de inteligência, a Five Eyes, já puseram em prática decisões idênticas, banindo os equipamentos da Huawei e da ZTE de sistemas considerados críticos nos seus países, como são as redes de telecomunicações. A imprensa local refere que o país estava a ser pressionado para fazer o mesmo.

Além dos Estados Unidos, integram esta aliança o Reino Unido, a Austrália e a Nova Zelândia. Os EUA foram os primeiros a banir equipamentos da Huawei e da ZTE, uma proibição que entretanto já se estendeu a um leque mais vasto de fabricantes de soluções tecnológicas oriundos da China.