Aproximadamente 89% da população da União Europeia já tem acesso a pelo menos uma rede básica de 5G, revela a nova edição do relatório semestral do Observatório Europeu do 5G. Cerca de metade daquela cobertura diz respeito ao espectro de 3,6 GHz. As conclusões são mais optimistas do que as do relatório sobre o Estado da Década Digital que a União Europeia divulgou esta semana e que diz que as redes 5G ainda só cobrem 50% do território regional e com um “desempenho ainda insuficiente para fornecer serviços 5G avançados”. Portugal destaca-se neste indicador e é mesmo um dos melhores países da região.

Também na análise do Observatório Europeu do 5G Portugal está acima da média europeia, com uma cobertura de 98,1% (83,3% nos 700 MHz, 100% nos 3,6 GHz, mas ainda sem cobertura de 26 GHz). São apenas 11 os países europeus que já têm cobertura total nesta banda mais larga: Áustria, Croácia, Bulgária, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Alemanha, Grécia, Itália, Eslovénia e Espanha. A Suécia tem uma cobertura de 85% e os restantes países ainda não aderiram a esta tecnologia.

Os dados revelam que são já 460 mil estações base na União Europeia a disponibilizar cobertura a 89% da população, 51% das quais com a banda larga de 3,6 GHz. Em Portugal, existiam 9.099 estações base em Portugal, em março de 2024.

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Olhando para a cobertura 5G por país, o relatório detalha que as populações dos Países Baixos, de Malta, da Dinamarca e do Chipre estão totalmente abrangidas pelo 5G. Seguem-se a Itália, a Finlândia, Portugal, Grécia e Alemanha com mais de 98% da população abrangida. A Letónia, a Bélgica e a Roménia fecham a tabela com menos de 53,1% de cobertura 5G.

O relatório dá ainda conta dos bons progressos registados na atribuição das bandas nativas 5G, embora ainda esteja aquém dos objetivos delineados para 2020. Contribuíram para a melhoria deste indicador, os recentes leilões na Áustria, Bulgária e Letónia melhoraram a situação. Os dados revelam que a faixa dos 700 MHz já foi atribuída em 25 dos 27 Estados-membros e a faixa dos 3,6 GHz foi atribuída em 26 dos 27 Estados-membros na altura da publicação do relatório.

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Entretanto, o leilão dos 3,6 GHz decorreu nesta segunda-feira nos Países Baixos, o que significa que agora todos os Estados-membros têm agora a faixa dos 3,6 GHz atribuída.

Os três operadores móveis nacionais dos Países Baixos, KPN, Odido e Vodafone Ziggo, receberam 100 MHz de espetro na banda pioneira do 5G. No total, o leilão gerou 174,4 milhões de euros em receitas, tendo a KPN e a Odido pago 58,4 milhões de euros e a Vodafone Ziggo 57,5 milhões de euros. As licenças serão válidas até 31 de dezembro de 2040, avança o Observatório Europeu do 5G numa nota publicada nesta quarta-feira. Na prática, dias depois da publicação do relatório elaborado pela EY, todos os Estados-membros têm ofertas de serviços comerciais 5G, pelo menos em algumas regiões do território. 

Portugal surge no relatório mais uma vez: é um dos 10 Estados-membros que já propuseram ou implementaram um modelo de licenciamento para áreas verticais, como a Saúde, Energia e Smart Cities, seguindo uma lógica desenvolvida nos testes do projeto 5G Public Private Partnership. Embora esteja em curso um intenso debate sobre qual o espetro a ser atribuído e a quem, existem argumentos que defendem que o espectro dedicado é mais adequado para algumas aplicações que têm requisitos de qualidade de serviço (QoS) particularmente exigentes, como os serviços de utilidade pública. A própria GSMA tem dúvidas, nomeadamente em matéria de fragmentação do espectro e consequente redução global de velocidades e QoS.

Dos países mais avançados nesta matéria, “a Alemanha foi o primeiro país a decidir reservar a banda 3700-3800 MHz para áreas verticais. Este facto pode dever-se aos potenciais benefícios para as empresas da área industrial, que representam cerca de 20% do PIB do país”, lê-se no relatório.

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Os operadores móveis da UE têm lançado serviços 5G Standalone (5G SA) em toda a UE, a próxima evolução da rede móvel. O 5G SA tem benefícios como maior desempenho, melhor duração da bateria do utilizador final e a ativação de novas funcionalidades. Em Portugal, a NOS anunciou, no final de 2023, que irá lançar a sua rede 5G SA, em parceria com a Nokia. Foi o primeiro operador nacional a avançar e irá utilizar a 5G Standalone Core platform da fabricante finlandesa. Segundo informação da NOS, a sua própria rede 5G cobre 93% do país.