A Colt Technology Services é uma companhia tecnológica que desenvolveu uma plataforma de serviços de dados para empresas e hoje vê-se mais como uma telecom, como assumiu a CEO, Keri Gilder, durante a conferência de apresentação do novo negócio. A visão estratégica que suporta a compra da Lumen EMEA (Europa, Médio Oriente e África) passa por trazer mais infraestrutura, talento e acesso a novos mercados, duplicando a capacidade já existente e garantindo maior flexibilidade aos clientes.
"Estamos numa posição única perante a concorrência [...] somos uma das poucas empresas que tomou a oportunidade de duplicar a capacidade no mundo. Há poucos operadores de B2B a expandirem-se", lembra a CEO da Colt, adiantando que a companhia estava em primeiro lugar e a Lumen EMEA em segundo na capilaridade de rede, e que era uma das empresas mais inovadoras na sua abordagem.
Keri Gilder não esconde o entusiasmo com a finalização do negócio e diz que esta é uma oportunidade de responder aos novos desafios do mercado. "O nosso setor está num momento crucial de mudança e inovação, no qual lhe é pedido que impulsione uma transformação digital capaz de garantir o desenvolvimento de uma sociedade global hiperconectada de forma responsável, justa e equitativa", afirma.
O negócio de 1,8 mil milhões de dólares da compra da Lumen EMEA tinha sido anunciado há um ano mas já estava a ser trabalhado desde o verão de 2022 com a Lumen Technologies, uma empresa norte americana. As negociações decorreram desde junho do ano passado, e só a 1 de novembro as duas empresas confirmaram ao mercado que iam avançar com o negócio, começando o processo de obtenção das aprovações regulatórias. "Devia haver uma medalha para conseguir as aprovações em mais de 30 países neste espaço de tempo", ironizou Keri Gilder.
A Colt é uma empresa privada e tem vindo a construir uma plataforma global desde 1992, quando começou na City de Londres, atuando atualmente em 38 países, com mais de 6 mil colaboradores e 80 escrtórios em todo o mundo, incluindo Portugal. A sua infraestrutura digital liga 32.000 edifícios em 230 cidades, mais de 50 Redes de Área Metropolitana e 230 PoPs (Pontos de Presença) nas regiões da Europa, Ásia, Médio Oriente, África, e os maiores centros de negócios da América do Norte.
Com a aquisição da Lumen EMEA a Colt quase duplica a capacidade existente, assumindo a integração de 1.300 novos funcionários em 16 países, 1.630.031 Km de fibra que ligam 125 cidades europeias em 34 países da região EMEA, 11.000 Km de rede metropolitana em 23 países e nos Emirados Árabes Unidos, 12 estações de amarração de cabos em 6 países e 10 sistemas de cabos submarinos, 6 transatlânticos e 4 na Europa. A entrada em zonas geográficas onde ainda não tinha presença, como as regiões da Europa Oriental, os Emirados Árabes Unidos e algumas zonas de África, é também um dos ativos valorizados com a aquisição.
Keri Gilder mostra o entusiasmo com este negócio que acredita ser uma oportunidade também para os clientes de chegarem a novos mercados com o suporte da infraestrutura e serviços da Colt, mantendo o mesmo modelo de flexibilidade que a empresa já tinha. A CEO da empresa defende que há novas necessidades de capilaridade com o crescimento do edge computing, e que aqui a capacidade da empresa vai duplicar, se não triplicar. O mesmo acontece com as ligações submarinas e as estações de amarração nos Estados Unidos, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, Irlanda e Alemanha.
Com a aquisição da Lumen EMEA a a Colt e a Lumen Technologies fizeram também um acordo de parceria para permitir o acesso à infraestrutura e aos serviços digitais da Colt às empresas da região da América do Norte, dentro e fora desta zona. No último ano a Lumen vendeu outras componentes do seu negócio, como a rede da América Latina, que valeu 2,7 mil milhões de dólares, e ainda o negócio local em 20 estados norte americanos (ILEC - incumbent local exchange carrier), que foi comprado pela Apollo Global Management para criar um novo operador, a Brightspeed, por 7,5 mil milhões de dólares.
Oportunidades no mercado português
Questionada pelo SAPO TEK quanto ao impacto no mercado português, Keri Gilder explica que a Lumen não tinha infraestrutura em Portugal mas tinha planos para construir e trazer produtos e serviços. "Com esta aquisição estamos a permitir que empresas portuguesas internacionais acedam à rede Lumen de aproximadamente 42.000 milhas (67.000 km) de rota de fibra e liguem-se a mais de 2.500 edifícios on-net e 540 centros de dados públicos e privados de terceiros. Isto dará à Colt uma vantagem significativa no mercado português de banda larga", afirma.
Em termos de produtos e serviços fica assegurado o acesso a secure access service edge (SASE) com redes convergentes e capacidade de segurança, incluindo SD-WAN. "A Colt também poderá oferecer aos seus clientes produtos e serviços mais inovadores, uma vez que terá acesso às capacidades de investigação e desenvolvimento da Lumen Technologies EMEA", explica Keri Gilder.
As aquisições futuras não estão fora da perspectiva da CEO da Colt. "Temos de nos focar nesta integração, que é grande e queremos que corra bem, mas estamos sempre abertos a novas aquisições que falam sentido", afirma, garantindo que a empresa não vai avançar em áreas que não sejam estratégicas ou alinhadas com a cultura da companhia.
Mesmo sem avançar com novas compras há outras possibilidades de expansão. "Estamos a olhar para acordos estratégicos na sul da Ásia [...] e a avaliar expansão em áreas como Indonésia e Vietname."
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