Nos últimos anos a Ericsson tem acelerado o ritmo de transformação interna, abandonando algumas áreas de negócio para se focar na infraestrutura e plataformas onde quer manter a liderança, mas Hans Vestberg quer continuar a consolidar o crescimento e a acelerar a mudança, abrangendo as soluções em várias indústrias.

No Business innovation Forum, que decorre em Estocolmo, o presidente e CEO da Ericsson relevou a sua ambição, mas também algumas preocupações que tem como líder da companhia, nomeadamente sobre o ritmo da transformação. “Preocupo-me sobre se estamos no ritmo certo de transformação ou de devíamos avançar mais depressa ou mais devagar”, explica.

A empresa registou um volume de vendas de 35 mil milhões de dólares em 2013 e a sua infraestrutura já suporta 2,5 mil milhões de assinantes de serviços móveis. É na área de infraestrutura mobile, suporte a soluções de operação, serviços e na área de TV que a empresa se afirma como líder. Áreas onde quer manter o primeiro lugar.

E se o ritmo de mudança foi grande nos últimos 5 anos, até 2020 vai acelerar ainda mais rapidamente. Mais de 90% da população terá ligação à internet e 7,5 mil milhões de pessoas estarão ligadas em banda larga móvel, com 9,1 mil milhões de assinantes de serviços em 2020.

As redes que foram construídas para voz estão a ser sobrecarregadas com dados, que já geram o mesmo volume de dados, e daqui a alguns anos “a voz será apenas ruído nas redes”, afirma Hans Vestberg.

Esta segunda fase da transformação da tecnologia é crucial para que as organizações tirem partido do potencial da digitalização e embora a área de redes e transmissão, a par dos serviços de telecomunicações sejam ainda o grosso das receitas da empresa a Ericsson está a apostar em novas áreas.

Rima Qureshi, CSO da Ericsson, traçou de forma mais concreta os três horizontes definidos dentro da empresa: a base da área de infraestrutura, um segundo horizonte onde as áreas de investimento são nos serviços IP, na Cloud e na área de Media e onde a Ericsson quer garantir uma posição forte, robustecendo a oferta através de uma dezena de aquisições e parcerias estabelecidas nos últimos anos.

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O terceiro horizonte é constituído por áreas de negócio onde a empresa quer “experimentar”. O modelo adotado passa por investir em áreas de negócio novas e emergentes durante algum tempo, mas saber sair rapidamente se não funcionar. E o exemplo claro desta estratégia é a área de modems, que a Ericsson deixou cair recentemente. “O objetivo é continuar à procura de novas oportunidades e assegurar que vamos ser relevantes na segunda fase da transformação digital”, explica.

Isto não significa que a Ericsson não vá trabalhar com os operadores, ou que esteja agora numa plataforma concorrente. Rima Qureshi salienta que para a transformação das indústrias todas as empresas têm de colaborar, e todas têm de se ajustar às exigências dos clientes. Os operadores e fornecedores de serviços serão importantes e têm de se diferenciar para ganhar espaço, seja no valor oferecido pela rede e na performance; na abertura da rede, permitindo o desenvolvimento de novas API, ou na combinação com conteúdos e fornecimento de serviços.

Fátima Caçador

Nota da Redação: A jornalista viajou até Estocolmo a convite da Ericsson.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico