Nos primeiros três meses deste ano, o valor gerado pelas fusões e aquisições (F&A) no setor das telecomunicações evoluiu de 2.000 milhões de dólares (2023) para 21 mil milhões de dólares, o equivalente a 19,6 mil milhões de euros, de acordo com uma análise da Bain & Company - Telecom MA: Here Are the Latest Deal Trends Worldwide.
A consultora vinca a existência crescente de negócios que permitam aos operadores ganharem escala, para além das suas fronteiras territoriais. “As operações transfronteiriças estão a adquirir importância e a prova disso é que os acordos à escala nacional representaram apenas 28% do valor total das transações nos últimos cinco anos”, como sublinha Tomás Moreno, sócio da consultora.
O maior negócio do trimestre aconteceu na Europa, e foi protagonizado pela Swisscom e pela Vodafone Itália, quando a primeira comprou a segunda por 8,7 mil milhões de dólares para a fundir com a Fastweb, a sua subsidiária no mercado italiano. A aquisição da Vodafone em Espanha, pelo fundo de investimento britânico Zegona, que pagou 5,3 mil milhões de dólares pelo negócio, também está entre os maiores negócios do trimestre.
“As empresas de telecomunicações estão a reestruturar as suas carteiras para se concentrarem nos seus mercados-chave, simplificarem as suas operações e melhorarem a gestão da sua dívida”, acrescenta Tomás Moreno.
Neste contexto, muitas estão a aproveitar para fazer “grandes F&A que lhes permitam diversificar a sua atividade e, no caso das empresas europeias, consolidar a sua posição no mercado”.
A predominância de grandes negócios, entre as operações de fusão e aquisição, é aliás mais uma das tendências apuradas pela Bain & Company neste estudo. Outra conclusão destacada é que, até 2022, os desinvestimentos em infraestruturas dominaram as fusões e aquisições no setor. Desde aí, esta tendência diminuiu “apesar das elevadas taxas de juro e de outros desafios macroeconómicos”.
A consultora sublinha ainda que, embora o valor aplicado a fusões e aquisições no primeiro trimestre do ano seja inferior ao valor apurado para o último trimestre do ano passado, é preciso considerar que esse valor foi em grande parte alcançado por causa de um único negócio. O acordo da Telecom Italia para a venda do negócio à KKR representou 23,3 mil milhões de dólares da conta de F&A entre outubro e dezembro de 2023, dos 35 mil milhões apurados em termos globais e totais.
O resto do ano pode contuinuar a ser marcado pelas três grandes tendências que a Bain & Company identificou já em 2024: as empresas de telecomunicações europeias estão a procurar acordos de escala para consolidar a sua posição no mercado; as empresas de torres estão a reequilibrar as carteiras para dar ênfase aos mercados principais, reduzir a complexidade operacional e gerir a dívida; e algumas empresas de telecomunicações estão a utilizar acordos de maior abrangência para expandir os negócios em sectores adjacentes, como o financeiro e o dos seguros. As operações KDDI-Lawson e NTT Docomo-Orix Credit no Japão ilustram esta última tendência.
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