Nos últimos meses os anúncios à volta da sigla 5G têm-se multiplicado e o interesse na indústria parece estar a aumentar, mas não será tão cedo que haverá aplicações comerciais da tecnologia nas redes móveis.

Sara Mazur, responsável pela área de Investigação da Ericsson, garante que antes de 2020 o 5G não vai estar disponível, mesmo que o 4G comece em alguns locais a dar sinais de que não vai suportar eternamente o crescimento dos dados. A empresa calcula que até 2020 mais de 9,1 mil milhões de utilizadores vão usar redes móveis e mais de 90% da população mundial estará ligada à Internet, uma visão que designa como “Network Society”.

“O 5G vai trazer multi domain performance, melhorias no consumo de energia e benefícios em áreas como as comunicações máquina a máquina”, explicou durante o Business Innovation Fórum da Ericsson, que decorre em Estocolmo. A redução da latência das redes para os milissegundos é uma das conquistas da tecnologia, mas o 5G vai suportar mil vezes mais dados, 10 a 100 vezes mais dispositivos e 10 a 100 vezes mais dados dos utilizadores, o que são grandes avanços na área das redes móveis.

A Ericsson está a trabalhar para tornar o 5G um standard global, em conjunto com os organismos de standards nos vários continentes e também com as Universidades, e na área de investigação da empresa – que tem presença em 9 países – este é um dos temas que ocupam bastante tempo aos investigadores.

Sara Mazur lembra com orgulho que a Ericsson esteve na origem do 2G, do 3G e do 4G, e que agora está a dedicar-se intensamente ao 5G, trabalhando também com vários operadores para tornar realidade a tecnologia.

E mesmo que o 4G ainda não esteja massificado, e haja já quem fale num passo intermédio com o 4,5G, Sara Mazur acha que não é demasiado cedo para falar sobre o tema. Até porque há muitos passos a completar antes do 5G chegar ao mercado. O estabelecimento de um standard global é um dos temas mais relevantes, mas é necessário também haver acordo para a libertação do espectro, e para isso há duas conferências importantes marcadas para 2016 e 2019 que serão decisivas nesta área.

A Ericsson já fez um teste com a NTT Docomo no Japão e o objetivo é chegar a uma velocidade de 10Gbps nas redes móveis, um valor 1000 vezes superior ao atualmente suportado no 4G.

A empresa garante estar a trabalhar para reduzir os custos da migração para a tecnologia 5G e “reutilizar o mais possível da infraestrutura”. Mesmo assim vários operadores têm revelado a sua preocupação com este novo salto tecnológico e o custo que poderá ter, numa altura em que estão cada vez mais pressionados para reduzir o investimento.

Apesar dos maiores movimentos em torno do 5G se estarem a sentir no Japão e na Coreia do Sul, Sara Mazur afirma que é cedo para pensar que a Europa poderá estar atrasada na adoção da tecnologia. “O Japão e a Coreia estão a dar um impulso mais forte por causa dos Jogos Olímpicos. Provavelmente na altura terão algo semelhante ao 5G a funcionar, mas ainda não o ‘verdadeiro’ 5G”, justifica. “Ainda não sabemos quem será o primeiro a implementar, mas nesta altura ninguém está a ficar para trás”, conclui.

Fátima Caçador

Nota da Redação: A jornalista viajou até Estocolmo a convite da Ericsson.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico