Ao contrário de outros estudos e de muito temor sobre os efeitos negativos das radiações emitidas pelos telemóveis e as antenas no cérebro humano, um estudo ontem divulgado prova que estas radiações podem ajudar na protecção e até na reversão da doença de Alzheimer. O estudo foi realizado num centro de investigação da Universidade da Flórida dedicado a esta doença.

Para a investigação foram usados ratos expostos durante longos períodos a ondas electromagnéticas que são emitidas pelos terminais e antenas dos telemóveis, colocando as gaiolas à volta de um equipamento.

De acordo com os cientistas do Centro de Investigação da Doença de Alzheimer, a exposição a estas radiações podem aumentar a capacidade da memória, protegendo o cérebro da doença e até revertendo os seus efeitos. Os resultados do estudo foram publicados no Journal of Alzheimer’s Disease.

Os cientistas verificaram que a exposição dos ratos às ondas electromagnéticas eliminava os depósitos no cérebro da proteína beta-amyloid – que formam placas no cérebro que são uma marca da doença de Alzheimer -, para além de prevenirem o seu aparecimento nos espécimes mais novos.

Os ratos foram sujeitos à exposição a um campo electromagnético gerado por um telemóvel normal, usado durante dois períodos de uma hora por dia durante sete a nove meses.

[caption]experiência com ratos[/caption]

A aplicação da experiência em ratos mais jovens, ainda sem sinais de perda de memória, protegeu as suas capacidades cognitivas, enquanto os ratos mais velhos, já com problemas, recuperavam a sua capacidade de memorização. Com alguns meses de exposição às radiações a memória dos ratos sem problemas melhorou acima dos níveis normais.

Os responsáveis pelo estudo admitem que como os benefícios na memória dos ratos demorou meses a revelar-se, no cérebro humano estes benefícios podem levar vários anos a concretizar-se. Estão agora a ser testadas diferentes frequências electromagnéticas e intensidades para produzir efeitos mais rápidos e mais significativos.

“Se conseguirmos determinar os melhores parâmetros electromagnéticos para efectivamente prevenir a agregação de beta-amyloid e remover os depósitos já existentes no cérebro, esta tecnologia pode ser rapidamente transformada em benefício dos humanos contra a doença de Alzheimer”, explica Chuanhai Cao, um dos autores do estudo.

Recorde-se que alguns estudos recentes apontavam para a multiplicação por 10 do risco de glioma, responsável por 40% de todos os tumores cerebrais, na sequência do uso de telemóveis, mas algumas organizações como a Organização Mundial de Saúde, a Sociedade Americana do Cancro e os Institutos nacionais de Saúde concluíram não existir evidências científicas até à data que suportem os efeitos negativos na saúde decorrentes da utilização de telemóveis.