Ao longo do ano passado, diferentes tipos de eventos contribuíram para provocar “apagões” de larga escala na internet um pouco por todo o mundo. Entre desastres naturais, operações de sabotagem, decisões políticas e cabos cortados, vários problemas voltaram a mostrar que a resiliência do mundo digital pode rapidamente ser posta em causa.

Com uma rede que cobre 330 cidades em mais de 120 países, interligada a mais de 13.000 fornecedores de serviços de rede, a Cloudflare fez uma combinação dos eventos com mais impacto a este nível ao longo de 2024.

Os dados mostram que o corte de cabos submarinos afetou principalmente dois países africanos. O Ruanda foi afetado no início de outubro por cortes em cabos na Tanzânia e no Uganda, que deram origem a um apagão geral de internet por alguns minutos. No Niger, cortes de energia inesperados, associados a ações militares, continuaram também a dar o mote para falhas de internet em larga escala. No Báltico também houve corte de cabos submarinos, mas a resiliência da infraestrutura na região reduziu a muito pouco o seu impacto para os utilizadores.

As decisões políticas de corte de acesso aos serviços também marcaram o ano. Aqui destaca-se o desligamento das redes de internet em Moçambique, em outubro, na sequência dos protestos por causa dos resultados das eleições presidenciais, que se arrastaram pelos meses seguintes. Na maior parte dos operadores, o tráfego de internet diminuiu quase a zero e as perturbações mantiveram-se durante várias horas, até à madrugada do dia seguinte.

Outros eventos políticos, como greves, também influenciaram o acesso à internet em 2024. Na ilha de Guadalupe uma greve permitiu aos trabalhadores das centrais elétricas tomarem conta da rede, forçando uma paragem de todos os sistemas por alguns minutos que fez diminuir em 70% o tráfego normal.

As guerras também continuam a deixar a sua marca, neste tema. Em novembro, na Síria, registou-se uma quebra no tráfego global de internet superior a 70%, na sequência de um ataque israelita a infraestruturas do país. Também em novembro, várias regiões da Ucrânia ficaram por horas sem acesso à internet na sequência de um ataque russo com mísseis, contra a rede elétrica do país.

Em Cuba, a instabilidade da rede elétrica provocou uma queda de mais de metade do tráfego habitual de internet e o mesmo tipo de evento teve um efeito ainda maior no Quênia no final do ano, afetando 70% do tráfego.

Os eventos meteorológicos são outro mote forte para os apagões de internet todos os anos e 2024 não foi uma exceção. Tempestades violentas e furacões originaram este tipo de eventos no ano passado.

Na Flórida, os estragos do furacão Milton em outubro afetaram em cerca de 40% os valores normais de tráfego, mais em algumas cidades. Ainda neste capítulo, destaca-se o impacto do terramoto com uma magnitude de 7.3 em Vanuatu, que abalou as infraestruturas deste país no Oceano Pacifico, e provou uma queda de 90% no tráfego de internet.

Operações de manutenção também deram origem a alguns cortes de internet com grande impacto. Na Europa o maior aconteceu na Salt na Suíça, por três horas durante a madrugada de 3 de dezembro.