Apesar do lançamento comercial da rede 5G ainda estar a vários meses de distância, as principais redes de telecomunicações começam a demonstrar a sua tecnologia, e sobretudo a divulgar o potencial da rede de nova geração. Ainda ontem a NOS fez a sua demonstração durante o Portugal Smart Cities Summit, hoje foi a vez da Vodafone mostrar o que pretende fazer com a nova tecnologia, levando uma comitiva de jornalistas ibéricos para a fronteira entre o Tui e Valença, para a primeira sessão de roaming 5G em mobilidade, utilizando um corredor entre Portugal e Espanha.
António Coimbra, CEO Vodafone Espanha, considerou o momento histórico, a primeira demonstração 5G em mobilidade, numa parceria com a Ericsson (o fornecedor tecnológico de 5G) fazendo a ligação entre Portugal e Espanha, via Minho e Galiza. António Coimbra salienta a mudança de paradigma que a inovação da tecnologia 5G vai operar na vida das pessoas. “A Vodafone tem sido pioneira, tendo sido a primeira a lançar o 3G, assim como o 4G em 2012 em Espanha”, destacando as infraestruturas de fibra e 4G para suportar a próxima geração de telecomunicações. Prevê assim estar na linha da frente no 5G, tendo já feito em fevereiro as primeiras ligações telefónicas suportadas pela nova geração. Prevê que nos próximos quatro a cinco anos o 5G irá potenciar as vidas das pessoas e entrar pelas suas casas através do IoT.
A Vodafone pretende inserir o 5G no verão em Espanha e 50 cidades europeias até ao final do ano. “Estamos na Galiza por fazer parte da primeira fase da introdução do 5G, assim como Vigo e Corunha”, refere o CEO da Vodafone Espanha. A empresa tem recebido muito apoio do governo para a introdução da nova tecnologia.
José Antonio López, presidente e CEO da Ericsson Espanha e Portugal, destaca a Europa como o principal pilar dos valores tecnológicos e inovadores do mundo, prevendo uma nova revolução digital. “Devemos decidir se a Europa lidera a próxima revolução, ou partimos na traseira, atrás dos Estados Unidos”, refere o responsável da tecnologia. Salientou ainda a primeira demonstração, a nível mundial, da ligação dos dois países ibéricos através do 5G, destacando o centro de inovação de Galiza como um exemplo tecnológico.
Foi salientado as questões políticas que opõem os Estados Unidos e China, mostrando que não é essa a direção que deve ser feita em prol da tecnologia. “Na Galiza defende-se 100% a inovação, e a promoção, e a Vodafone, líder mundial de telecomunicações está pronta para o desafio. Aqui trabalha-se e coopera-se, de forma ilimitável para conseguirmos os objetivos de ser pioneiro da nova geração mobile”, termina o líder da Ericsson.
Mário Vaz, CEO Vodafone Portugal, destacou a cooperação económica e tecnológica entre a fronteira de Portugal e Espanha, destacando a cooperação entre as duas sucursais da Vodafone. A tecnologia aboliu fronteiras, em prol da economia única digital. “As startups e a indústria tornaram possível o desenvolvimento do 5G”, refere em destaque dos anteriores testes 5G já feitos em Portugal. Para Mário Vaz, há uma comparação entre a revolução entre o 4G para o 5G, como foi a era do vapor para época industrial da eletricidade.
“Só com boas telecomunicações, independentemente da distância ou pontos de decisão, se consegue migrar de uma região para a outra sem perder a qualidade”. A primeira antena 5G está disponível na sede da Vodafone, no Parque das Nações, respondendo ao hipotético atraso de Portugal face ás redes moveis de nova geração. O líder da Vodafone Portugal salienta que a única coisa que falta para arrancar com a comercialização do 5G é a distribuição das frequências, que ainda não foi feita, apontando ao Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, presente no evento, o pedido especial. Mário Vaz considera que, em termos de infraestruturas, Portugal consegue competir com outros países, faltando apenas a tal atribuição das frequências.
O Secretário de Estado salienta a oportunidade para Portugal, e ressalva a importância do teste a nível mundial de mobilidade. “Portugal tem um calendário espectral, e não fazendo comparações com Espanha, há um processo de libertação da faixa dos 700 Mhz, atualmente alocado ao TDT, esperando-se que até julho de 2020 haja uma nova sintonia, sem mudanças dos operadores tecnológicos e respetiva atribuição”, explica o Secretário de Estado. O trabalho de atribuição, se por concurso ou atribuição direta será assegurada depois pela Anacom. Mais que o calendário, o governo salienta que é necessária uma estratégia no desenvolvimento do 5G.
Alberto Souto de Miranda diz que tem estado atento, visitando as cidades que se têm candidatado a fundos europeus para desenvolver o 5G. Ainda não se sabe se vai começar pelo corredor Porto-Vigo, no sector rodoviário, ou se vai ser na energia, sector bancário ou um pouco de cada, sendo que “Portugal deverá saber quais as suas necessidades nas diferentes áreas para desencadear os seus projetos-piloto”.
O Presidente da Junta da Galiza assumiu ainda a palavra para agradecer o esforço da Vodafone na introdução de inovação, salientando o papel da cidade na demonstração, a partir de hoje, da primeira ligação transfronteiriça do mundo. A indústria automóvel e têxtil será beneficiada pela revolução tecnológica do 5G, destaca o governante. “Se a Ericsson e a Vodafone conseguem garantir a cobertura da região da Galiza, serão capazes de cobrir qualquer região do mundo”, destacando os 98% dos utilizadores que utilizam ligações fixas, e apenas 2% através de satélite.
“Esta administração vai seguir a tecnologia 5G com todas as operadoras, para o compromisso de obter dois milhões de utilizadores até 2020. Para tal vão decorrer diversos programas-piloto, tais como uma ambulância ligada ao 5G e um carro totalmente conectado. A Galiza investiu 11 milhões de euros no desenvolvimento de projetos ligados ao 5G, beneficiando o turismo, as operações nas florestas e outras áreas da indústria e do comércio, assim como a educação. Na parceria com Portugal, utilizou a comparação do Rio Minho que antes, era uma fronteira, hoje em dia é um cordão umbilical de proximidade entre as duas nações.
O gaming demonstra o potencial do 5G
João Nascimento, CTO da Vodafone, destacou a viagem da empresa, desde há 27 anos, como que a preparar-se para o 5G. “Gostamos e temos vocação para a inovação, e somos reconhecidos para tal. Mas mais importante, é oferecer algo mais aos nossos clientes, e prova disso é termos a melhor rede 4G atual em Portugal”, salienta o responsável. O próximo passo é tornar os carros autónomos, a comunicar entre si, ou chamadas holográficas, apenas suportadas pelo 5G, graças à baixa latência, maior velocidade e a capacidade de “ligar tudo a todos”, a IoT.
No ano passado a empresa lançou o HUB 5G, para ajudar empresas e universidades a descobrir a tecnologia. A Vodafone Portugal afirma que já tem a infraestrutura pronta para arrancar as operações de próxima geração da rede móvel.
O objetivo da demonstração feita hoje é mostrar como as ligações entre os dois países, da sessão de dados de um lado para o outro é feita sem interrupções. Atualmente, no 4G, quando se passa a fronteira, há uma quebra da ligação, um abandono da ligação portuguesa para se ligar à rede espanhola.
Para conseguir o 5G, foram ligadas oito antenas Ericsson AIR 6488 5G, instaladas em estações já existentes em Portugal e Espanha, que suporta igualmente o 4G, a funcionar com um espectro cedido temporariamente pela Anacom na faixa dos 3,6 GHz. Para o teste, um carro arrancou de Tui, em Espanha, passando para Valença em Portugal, sem quebras na ligação e de forma totalmente transparente para os presentes.
“Os nossos clientes mais exigentes são os gamers, e serão o alvo dos testes”, visto que uma quebra de framerate ou uma latência de 1ms pode ditar a morte do jogador durante uma partida profissional. Ricardo “Fox” Pacheco, o melhor jogador português de Counter-Strike, e membro dos Vodafone Giants, explicou como a fibra o obrigou a mudar de casa para ter as melhores ligações, reforçando a importância que o 5G poderá ter na sua vida profissional.
Para demonstrar a tecnologia 5G, a Vodafone, juntamente com o seu parceiro tecnológico Ericsson, colocou o jogador português profissional de eSports da ESL numa partida de PUBG Mobile, através de uma ligação de quinta geração, ou não fosse a marca detentora da equipa Vodafone Giants. Na prática, enquanto o atleta português jogava uma partida online, a passagem fronteiriça coberta pela ligação 5G permitiu continuar a jogar sem quebra de latência ou necessidade de reconectar a ligação.
De salientar que para o teste foi utilizado um smartphone 5G, que a Vodafone preferiu não referir a marca, pela inexistência de um contrato formal, dizendo que foi comprado na Suiça e é o primeiro equipamento comercial, com o Modem X50 5G da Qualcomm. O SAPO TEK reconheceu entretanto o dispositivo, tratando-se de um Oppo Reno 5G. Foi feito um teste de velocidade em tempo real, através do Speed Test, tendo ultrapassado os 600 Mbps de download, perto da antena 5G instalada no Tui, como pode comprovar na galeria de fotografias. Apenas o upload não ultrapassou os 13 Mbps, com a Vodafone a explicar que a configuração estava feita dessa forma para este teste. Será possível, no futuro comercial, as operadoras regularem as velocidades, além de somarem à velocidade o potencial das ligações 4G, que funcionarão em conjunto para obter a melhor perfomance da rede. Durante o teste de velocidade, o atleta português manteve-se a jogar, sem perder a ligação ao servidor do jogo. Além disso, foi mostrado o potencial de infontainment com acesso a mapas, informações, vídeos e até televisão em direto através da ligação 5G disponível no teste.
“Realizar este use case é uma excelente forma de mostrar as inúmeras potencialidades da quinta geração móvel, sobretudo a sua baixa latência”, destaca Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal, como exemplo das utilizações possíveis da tecnologia.
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