Oito meses após o anúncio de intenções dos acionistas de referência da Zon e da Optimus o negócio está aprovado pelo regulador.

O figurino do mercado português de telecomunicações muda com esta união de empresas, um negócio muito esperado por alguns especialistas e que pode ser um passo decisivo na internacionalização da operadora, como Isabel dos Santos - acionista de referência da Zon - já veio admitir. Mudarão também as ofertas comerciais disponibilizadas aos clientes, um passo aguardado com expectativa. Até lá, veja em detalhe o que já mudou e o que ainda vai mudar no raio de abrangência das duas empresas.



  • Zon Optimus: um gigante com um volume de negócios de 1,6 mil milhões de euros


Atendendo aos resultados apresentados pelas duas empresas em 2012, a fusão da Optimus e da Zon vai criar um operador com um volume de negócios consolidado próximo de 1,6 mil milhões de euros. Em dezembro de 2012 o volume de negócios da Optimus era de 720,7 milhões de euros, com um crescimento de 4,5%. No mesmo período, o volume de negócios da Zon atingiu os 858,6 milhões de euros. Também cresceu, 0,4%.


  • Um negócio que desafia a concorrência

A combinação de operações da Zon e da Optimus faz disparar a posição das duas empresas no ranking nacional. A nova estrutura cria o segundo maior operador de telecomunicações do país, a seguir à Portugal Telecom (que em 2012 faturou 2,7 mil milhões de euros em Portugal) e à frente da Vodafone, que hoje assume esta posição. No seu último ano fiscal, terminado a 31 de março, a operadora britânica registava um volume de negócios em Portugal de 941 milhões de libras (à data o correspondente a 1,11 mil milhões de euros).


  • Mercado móvel: uma realidade à parte

A fusão da Zon com a Optimus altera posições no mercado global, contudo, no mercado móvel a segunda posição continua a pertencer à Vodafone, que terminou o primeiro trimestre de 2013 com uma quota de mercado de 40,2%. Optimus tinha na mesma altura uma quota de 14,1% e a Zon de 0,9%, dados relativos à utilização efetiva de serviços móveis. Sem rede móvel própria, a oferta móvel da Zon é providenciada através de um acordo com a Vodafone que "empresta" a rede, mediante um acordo de MVNO (operador móvel virtual).


  • Meses de espera até à fusão


Os acionistas de referência da Zon e da Optimus - a Kento, de Isabel dos Santos e a Sonaecom - anunciaram a 14 de dezembro a intenção de propor uma fusão aos restantes acionistas. Durante o mês de fevereiro foram notificados os reguladores da concorrência: AdC, Anacom, e ERC. No mês seguinte os acionistas das duas empresas, em assembleia-geral, deram luz verde à fusão e ainda em março também o regulador da comunicação social (ERC) dá o seu parecer no mesmo sentido. Em abril a Anacom faz o mesmo. O projeto de decisão do regulador da concorrência, que tem a palavra final sobre o negócio, foi conhecido a 30 de julho. A aprovação final é concedida a 26 de agosto de 2013.



E para o consumidor, o que muda:
A junção de dois atores com uma rede de cobertura nacional fixa (a Zon) e móvel (a Optimus) promete mexer nas ofertas disponíveis no mercado. Veja as principais questões a ter em conta:



  • A concorrência pode diminuir com a fusão?

A Autoridade da Concorrência defende que não. A única área onde o regulador identificou perigos nesse sentido foi em relação à rede de fibra da Optimus, a única infraestrutura de rede fixa onde a operadora está a aceitar novos clientes (no ADSL já não o faz). Optimus e Vodafone mantêm um acordo de partilha de infraestruturas nesta tecnologia, explorando a mesma rede. A AdC achou que o incentivo da Optimus para manter o acesso da Vodafone àquela rede poderia diminuir e por isso obriga as empresas a renegociarem o acordo, com garantias adicionais para a Vodafone e direito de preferência, em caso de venda da infraestrutura. Também obriga a Optimus a abrir a rede a outros operadores que através dela queiram oferecer serviços.


  • O que acontece aos clientes de fibra da Optimus?

A Optimus é também obrigada pelos remédios fixados pela AdC a "libertar" os clientes dos contratos de fidelização durante um período de 6 meses para que possam tomar a decisão que bem entenderem e não ficarem condicionados a uma oferta que pode mudar e que passa a estar assente em pressupostos distintos.



  • Quando serão apresentadas as propostas comerciais da Zon Optimus?

Não está definida uma data mas Rodrigo Costa, CEO da Zon, prometeu ainda durante o período de análise do negócio pelo regulador, que as empresas estavam prontas para serem rápidas na integração.


  • Para os atuais clientes da Optimus que extras ou novidades podem fazer a diferença nessa nova oferta conjunta?

A Zon tem uma oferta claramente mais forte que a Optimus na área dos conteúdos. As diferenças a este nível podem não ser tão expressivas na grelha de canais disponíveis no serviço de TV, mas acentuam-se, por exemplo, na oferta de filmes disponíveis no videoclube, ou mesmo no acesso a conteúdos de entretenimento fora do pequeno ecrã. Os clientes da Zon têm descontos nos cinemas Lusomundo. A própria plataforma de televisão da operadora é mais evoluída que a plataforma Optimus Clix, com funcionalidades como o TimeWarp, que permite recuperar os programas dos últimos 7 dias. O serviço da Optimus recua apenas 48 horas.


  • Para os clientes da Zon, que vantagens pode trazer a oferta da Optimus?

A rede móvel é o grande ativo exclusivo da Optimus na troca de trunfos com a Zon. A Zon já disponibiliza serviços móveis, mas sem rede própria - usa a da Vodafone - está limitada nos preços e nas propostas que pode fazer ao mercado, até em termos e integração com o resto dos serviços. Essa barreira será ultrapassada com a fusão, para as comunicações de voz e dados móveis.



  • No 4G o que têm a Optimus para oferecer?

A rede de quarta geração da Optimus chegava no final de 2012 a 80% da população. A metade deste universo a operadora garantia já nesta altura comunicações móveis de dados com um débito de 150 Mbps.


  • Nas tecnologias de acesso fixo o que diferencia a rede das duas operadoras?

A Optimus suporta os seus serviços em fiber to the home. A rede da Zon é híbrida e usa fibra e cabo coaxial (com tecnologia EuroDOCSIS 3.0). Em termos e débito, ambas as redes estão neste momento a ser usadas para oferecer o mesmo: 100 Mbps.

  • Na Internet a oferta da Zon acrescenta vantagens às propostas da Optimus?

O Zon@Fon é um serviço acessível gratuitamente para todos os clientes da Zon que pode constituir o extra mais interessante na oferta da operadora para quem vem da Optimus. É uma rede mundial de partilha de Internet que em Portugal é explorado pela operadora e que, e que só em Portugal conta com cerca de meio milhão de pontos Wi-Fi disponíveis para acesso à Internet. A Optimus também já partilha a rede dos clientes (que o autorizam) para estender o acesso Wi-Fi dos seus clientes fora de casa, mas está longe da cobertura oferecida pelo Zon@Fon.


  • No futuro que novos serviços podem chegar ao mercado pela mão da Zon Optimus e que serviços poderão desaparecer?

As ofertas 4play - que juntam Internet, TV, telefonia fixa e móvel - são encaradas como uma das grandes tendências do mercado de comunicações. Neste momento a Zon já tem uma proposta nesta área mas na vertente móvel compara mal com as propostas da concorrência. Por exemplo, não oferece tráfego de dados. Espera-se que esta área do 4play seja mais trabalhada pelas duas empresas. Haverá também certamente produtos a desaparecer, que com a fusão se tornarão redundantes. Ainda não há informação disponível sobre isso. Já no que se refere às propostas a manter, há uma que a Optimus já assegurou: a manutenção do tarifário WoW.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira

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