Por Miguel Mancellos (*)

Nos últimos anos, a inovação tecnológica, as prioridades financeiras em mudança e a crescente consciencialização sobre sustentabilidade, têm impulsionado a evolução das preferências e dos comportamentos de compra dos consumidores.

A cada vez maior utilização da inteligência artificial generativa (Gen AI) nas experiências de compra é uma das tendências mais marcantes. Muitos consumidores, especialmente os mais digitais, já utilizam a Gen AI para fazer compras online e confiam nas recomendações destas ferramentas para tomarem as suas decisões de compra.

Além disso, a substituição dos motores de busca tradicionais por ferramentas de Gen AI, como o ChatGPT, reflete a confiança dos consumidores na capacidade destas tecnologias  fornecerem recomendações precisas e relevantes.

Estas alterações terão impacto nos sites de e-commerce que deverão assim passar a proporcionar uma experiência de utilizador menos baseada na navegação estruturada e mais centrada na interação. Isto inclui implementação de assistentes virtuais que podem guiar os utilizadores nas suas compras; responder a perguntas em tempo real; e oferecer recomendações personalizadas com base no comportamento do consumidor. Além disso, estas plataformas devem ser integradas com tecnologias de inteligência artificial para poderem melhorar continuamente a precisão e a relevância das respostas fornecidas aos clientes.

As redes sociais continuarão a desempenhar um papel importante na influência das decisões de compra. Plataformas como o Instagram e o TikTok são amplamente utilizadas para descobrir novos produtos e marcas, especialmente entre os consumidores mais jovens.

O live shopping, uma fusão entre compras online e transmissões ao vivo, tem ganhado popularidade não apenas na região da Ásia, mas em todo o mundo. Esta tendência permite que marcas e influenciadores interajam diretamente com os consumidores em tempo real, demonstrando produtos e respondendo a perguntas ao vivo. Esta abordagem cria uma experiência de compra mais envolvente e autêntica, aproximando os consumidores das marcas. O live shopping, integrado em plataformas de redes sociais, permite que as marcas cheguem mais facilmente a um público mais abrangente.

O “comércio rápido”, caracterizado por opções de entrega ultrarrápidas, está a ganhar protagonismo entre os retalhistas tradicionais e as novas startups em todo o mundo. À medida que a procura dos consumidores por conveniência se intensifica, esta tendência está prestes a dominar o mercado em 2025, transformando  os hábitos de compra e a logística. As empresas estão a investir cada vez mais em tecnologia e infraestruturas para poderem responder a estas “novas” expectativas, tornando o “comércio rápido” um aspeto crucial no contexto do retalho.

A sustentabilidade também passou a ser um fator importante para muitos consumidores, que estão mais conscientes do impacto ambiental das suas compras e procuram marcas que adotem práticas mais sustentáveis. Há um número crescente de consumidores dispostos a pagarem um preço acrescido por este tipo de  produtos. Embora esse valor possa ainda não ser suficiente para cobrir os custos adicionais decorrentes destas práticas, é já uma tendência e um fator de diferenciação para as marcas.

Concluindo: as empresas que desejem manter-se competitivas devem adaptar-se a estas tendências e investir em tecnologias que melhorem a experiência do cliente e ofereçam recomendações personalizadas.

(*) Vice President - Capgemini Portugal DCX Practice Head & Executive Board Member