Há 16 anos era lançado o S.A.P, Serviço de Apontadores Portugueses, que rapidamente evoluiu para SAPO e que na última década e meia se transformou em líder de audiência na Internet portuguesa e evoluiu para rumos que vão mais além do que os projetos iniciais de facilitar a pesquisa.
A propósito deste caminho, falámos com Celso Martinho, que foi um dos fundadores do serviço ainda na Universidade de Aveiro e que nunca abandonou o projeto nas suas várias mutações. Reconhecido como o "pilar técnico" do SAPO, o CTO explica a sua visão sobre os projectos de Internet e as opções que fazem do portal um sucesso.E garante que este continua a ser um projeto alucinante, desafiante e promissor.
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TeK: Muito mudou no mundo da tecnologia desde que há 16 anos lançou em Aveiro o serviço de apontadores SAPO. Quais são as principais transformações a nível das ferramentas e plataformas disponíveis para quem quer criar um serviço/site Web?
Celso Martinho: Imenso mudou na tecnologia durante estes 16 anos. Há muito mais ferramentas, mais informação (e formação) e partilha, mais opções, sofisticação e robustez. A tecnologia orientou-se ao que os consumidores procuram e progressivamente adaptou-se aos novos comportamentos da Internet. De uma certa forma pode dizer-se que a partir de um determinado ponto as pequenas revoluções na Internet deixaram de lideradas por saltos tecnológicos e passaram a ser provocadas por grandes mudanças comportamentais, que a tecnologia prontamente acompanhou, é claro.
E acima de tudo democratizou-se a tecnologia. Aquilo que era um bicho de sete cabeças, um privilégio de uns carolas com muito tempo e determinação nas mãos, e que exigia acesso a muitos recursos, hoje está ao dispor de qualquer um. As barreiras dissiparam-se e hoje qualquer jovem talentoso e determinado tem um manancial de ferramentas e recursos ao seu dispor é um potencial pequeno génio que pode mudar o mundo a qualquer momento.
Continua a ser tão divertido? Sim, de uma forma diferente, mas é cada vez mais divertido.
TeK: Hoje seria mais fácil ou mais difícil avançar com o projeto do que há 16 anos?
C.M.:
É difícil responder a esta pergunta. A minha primeira reação é responder que seria mais difícil. Mas pensando melhor teríamos que discutir as origens do sucesso e teríamos que discutir o que seria um SAPO criado de raiz em 2011 e adicionar-lhe o contexto, as condicionantes e as oportunidades atuais, que são diferentes mas igualmente desafiantes e motivadoras. No fim desta reflexão talvez a minha resposta se inverta. Há 16 anos no mesmo emprego, rodeado de uma equipa excepcional aonde tenho feito amigos para a vida, posso dizer com toda a certeza: O truque são sempre as pessoas.
TeK: A história especial do SAPO é também muito conseguida nos alicerces técnicos que foram sendo construídos. Quais foram as opções que fizeram a diferença nesta evolução?
C.M.: Do ponto de vista tecnológico a grande opção que marcou a diferença do SAPO durante todos estes, e continua a marca, foi a de preservarmos a cultura e os valores inicias do projeto e de optarmos por manter uma equipa de engenharia muito forte capaz de resolver os nossos próprios desafios e problemas, capaz de responder em tempo útil às novas tendências e aos novos comportamentos e capaz de antecipar o futuro o mais que podemos. O SAPO é um projeto que não depende de fornecedores nem de soluções chave na mão e isso confere-nos muita flexibilidade e dá-nos competitividade. Há 16 anos construímos o SAPO tendo como base a cultura do software opensource e o Linux e hoje a nossa realidade não é muito diferente.
TeK: Quais são os marcos de que mais se orgulha neste percurso?
C.M.: Muitos. Tantos que nem me dei ao trabalho de fazer uma lista e como tal não me estão na ponta da língua. Assim de repente orgulho-me muito da equipa de que nos rodeámos durante estes anos todos, é a origem de todos os marcos de sucesso e merece ser referido. Orgulho-me do trabalho que fazemos em Portugal no mercado da publicidade online e como conseguimos competir eficazmente no país, na tecnologia e no negócio, com os gigantes da Internet. Orgulho-me da nossa internacionalização. Orgulho-me do trabalho editorial crescente que o SAPO tem feito na área da informação. Orgulho-me da forma como uma equipa de já mais de 300 pessoas se conseguiu profissionalizar e estruturar para dar saltos grandes em produtividade e qualidade sem perdemos a nossa cultura experimental e rebelde. Orgulho-me da nossa incursão no mundo das multi-plataformas, Mobile, IPTV, etc. Orgulho-me muito do que tentamos fazemos fazer com o talento jovem em Portugal e da celebração anual que fazemos no nosso evento Codebits.
TeK: As plataformas abertas, a interoperabilidade e a convergência continuam a ser os principais motores que orientam o desenvolvimento técnico do SAPO?
C.M.: Claro. Hoje, depois de uma revolução tecnológica interna que fizemos nos últimos anos, é seguro dizer que tudo o que produzimos e tudo o que fazemos, fazemos sempre com uma visão de reutilizar em múltiplos contextos. Acima de tudo produzimos matéria prima e construímos blocos e enriquecemos o nosso portfólio. Depois a magia é remisturar esses componentes todos e construir produtos, investindo sempre na qualidade e na experiência final para o utilizador, e esta é a parte mais desafiante e mais divertida daquilo que fazemos.
TeK: Atualmente a equipa técnica do SAPO trabalha para muito mais projetos do que o próprio Portal, desenvolvendo aplicações para a televisão do MEO e os telemóveis da TMN. Esta é uma tendência de convergência que se vai manter e alargar?
C.M.:
O SAPO tem a sorte de estar inserido num grupo com tantas oportunidades como tem a Portugal Telecom. Fazia sentido, e o SAPO abraçou esse desafio sem pestanejar, ajudar o grupo nos seus negócios mais emergentes, como é o caso do Meo e dos serviços de Banda Larga móvel, com as nossas competências técnicas e com a nossa vivência e experiência técnica da Internet e isso que estamos a fazer cada vez mais. Vai-se manter e alargar.
TeK: Nesta área é talvez mais difícil fazer prognósticos do que no Futebol, mas como antecipa os próximos 16 anos do SAPO do ponto de vista tecnológico?
C.M.:
É fácil. Igualmente alucinantes, desafiantes e promissores, todas características que provocam na nossa equipa técnica uma motivação enorme para continuar a dar o máximo e surpreender a empresa, e é isso que acontecer. Há áreas novas a emergir, por exemplo ao nível da personalização, do tratamento de dados volumosos, da linguística, do interface, entre outras, que vamos querer dominar para continuarmos diferentes e competitivos. É por aí.
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